Antônio Alício, supervisor do serviço de Ortopedia da Santa Casa de Maceió
Organizado em 2009, o serviço de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió se tornou referência dentre o fora do estado. Há dez anos, as atividades da residência médica foram iniciadas e a divisão do grupo por especialidades definida em pé, joelho, quadril, mão, coluna, ombro e oncologia ortopédica. No próximo ano, a instituição deve completar o serviço com atendimento de ortopedia pediátrica.
O supervisor do Programa de Residência Médica de Ortopedia e Traumatologia, Antônio Alício Moreira de Oliveira Junior, destacou o processo de evolução do serviço. “O atendimento de ortopedia da Santa Casa de Maceió já existia, mas, desde que o serviço foi organizado, realizamos uma série de atividades cientificas, cursos e palestras. Os profissionais que hoje estão na Santa Casa de Maceió se agregaram a instituições de ensino superior de Alagoas, então o serviço de Ortopedia, hoje, é uma referência não só para a população, em termos de assistência, mas também de ensino. Por exemplo, atualmente, a cada quatro semanas, oito alunos do Cesmac atuam no serviço como parte de seu internato. Isso acontece durante o ano inteiro. Temos solicitações de estudantes de universidades de fora, como a USP, que pedem para fazer o estágio opcional no serviço de ortopedia da santa casa, então, o crescimento do serviço se deu na assistência, no ensino e na pesquisa”, disse.
Ao longo dos anos, o serviço foi sendo estruturado e hoje conta com um ambulatório que funciona com quase todas as especialidades e subespecialidades da área. A equipe é formada pelos especialistas Hilton Barros e Bruno Liberato (Quadril), Rogério Nascimento, Hed Wagner Mauro, Alisson Farias e Bruno Houly (Joelho), Antônio Alício e Francisco Honório (Pé), Renato Pedrosa (Oncologia ortopédica), Raimundo Araújo (mão), Hélio Ribeiro, Humberto Barros e Felipe Porciúncula (ombro) e Jon Mark Xavier (Coluna).
Atualmente, por semana, cerca de 20 agendas de ortopedia são disponibilizadas à população com profissionais de todas as áreas do corpo. A equipe também atua na Emergência Ortopédica da Santa Casa de Maceió, próxima à Unidade de Pronto Atendimento do hospital (antiga Emergência 24 Horas) com profissionais com título de especialista em ortopedia com residência em alguma área da ortopedia.
“Temos um time de retaguarda na emergência para as patologias especificas. Se chega um paciente com uma fratura do pé e que precisa ser internado, os especialistas em pé, que sou e Francisco Honório, assumirão o caso. Além disso, estamos nos preparando para integrar um colega da ortopedia pediátrica, item que falta no nosso serviço”, destacou Antônio Alício.
Residência médica credenciada
Instituída pelo Decreto nº 80.281, de 5 de setembro de 1977, a residência médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso de especialização. Funciona em instituições de saúde, sob a orientação de preceptores, profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional, sendo considerada o “padrão ouro” da especialização médica. Quando cumprido integralmente dentro de uma determinada especialidade, o programa confere ao médico residente o título de especialista.
Hoje, o serviço de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Maceió tem seis residentes, dois de cada ano (R1, R2 e R3). “Quando o serviço foi criado, em 2009, a instituição fazia 350 cirurgias ortopédicas por ano. Em 2018, fechamos com 2 mil cirurgias realizadas, uma progressão muito grande. Hoje, pelo número de preceptores, 14, e pelo número de cirurgias, talvez tenhamos que pensar em expandir a residência, mas é um projeto que demanda um tempo, pois precisamos nos adequar às condições do mercado”, explicou Antônio Alício, supervisor do serviço.
Credenciada junto à Sociedade Brasileira de Ortopedia, a residência médica da instituição envia, todos os anos, os residentes para que façam a prova de título. A cada cinco anos, o Ministério da Educação (MEC) renova o credenciamento do programa.
Investimentos vencem obstáculos
Segundo o supervisor do serviço, apesar do grupo estar se tornando uma referência na área de ortopedia e traumatologia, ainda existem alguns fatores limitadores, como a condição econômico-financeira do estado. “Nos pacientes do SUS, a dificuldade é com os materiais, pois a tabela paga é pequena e para conseguirmos os materiais de ponta nem sempre é fácil. A contratualização dos serviços pelo estado poderia ser ampliada, o que traria mais benefícios para a população. Com relação aos convênios, o fato de termos um número limitado de pessoas conveniadas em Alagoas, por conta da condição financeira e econômica do país, nos dá um teto, o que hoje é o nosso principal limitador”, disse.
Do ponto de vista de tecnologia, ao longo de uma década, a Santa Casa de Maceió renovou todo o parque de instrumental de Ortopedia. Foram adquiridos novos perfuradores pneumáticos (a instituição possui seis), investiu na compra de instrumentais, arcos cirúrgicos (no início, o serviço dispunha de apenas um arco. Hoje são três em atividade, com a espera de um novo equipamento para a Santa Casa Nossa Senhora da Guia) e, em parceria com a indústria, o hospital é o segundo no país a ter o Synergy, o aparelho mais moderno do país de videoartroscopia.
“Entendo que o serviço de Ortopedia da Santa Casa tem sido um case de sucesso dentro dos serviços que foram planejados pela instituição. É formado por um grupo especializado, com uma formação diferenciada, e o desejo da direção médica de que isso se tornasse possível, além do apoio geral da provedoria e diretoria da instituição, garantem o crescimento do serviço. Em novembro, estaremos presentes no Congresso Brasileiro de Ortopedia com duas publicações sendo apresentadas em forma oral, o que é uma honra. Os nossos enfrentamentos são com os fatores externos ao nosso poder”, finalizou, Antônio Alício.
