A 9ª Bienal de Alagoas

Ana Karina

Se você ainda não foi à 9ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, aproveita porque Domingo acaba. Ela está em um formato parecido com o que eu pude conhecer em Seattle, nas chamadas ART WALKS (“caminhadas de arte”), presentes em NYC, Portland, LA, Filadélfia, Boston, Miami, etc.

Essas Art Walks podem ser vistas em qualquer cidade que seja um centro cultural, mesmo que pequeno. Geralmente, elas acontecem na área central da cidade, ou em algum bairro histórico (como é o caso do Jaraguá). E dentro de uma mesma cidade, se ela for bem cultural, é comum achar várias Art Walks, que se distribuem em dias diferentes da semana, uma vez ao mês. Eu mesma fundei uma no meu bairro (o Central District) em Seattle, junto com outros artistas; acontecia todo mês e durou um ano e pouco. Era chamada de Second Saturday (“Segundo Sábado”), ou seja, ocorria no segundo sábado, todo mês. A ideia da Art Walk é abrir os estúdios dos artistas para o público, mesmo sem ser um vernissage oficial. E, assim, mistura-se a rua e o interior dos prédios, onde estão as oficinas e os ateliês. As pessoas entram e saem, entram e saem, visitando os espaços.

Desde que eu soube, na primeira parte do ano, que a Bienal ia ser no Jaraguá, vibrei. Lembrei imediatamente das Art Walks. E está sendo tal qual: usando o urbanismo em todo o seu potencial — Ave-Jaraguá! — parte da rua de pedra (R. Sá e Albuquerque) do nosso charmoso bairro histórico está fechada, favorecendo o ‘pedestrianismo’ urbano (outro nome que aprendi onde o vento faz a curva), e no território da rua, tem comida: pizza artesanal, crepe, pastel, acarajé, brownie. Há mesinhas na fresca da beira da Praça Dois Leões. Os prédios históricos estão tomados por atividades literárias, oficinas, palestras, lançamentos, horas de autógrafos, vendas. Há também cafés escondidos (no Armazém Uzina), e há cafés revelados (no Beco da Rapariga), onde também está a Feirinha Cool, a dos designers e artesãos. No céu, há luzinhas. Dentro da Igreja N. S. Mãe do Povo: cameratas, orquestras, duetos, corais. Ainda na Praça Dois Leões, além das comidas, tem a Feirinha Emponderada (aquela só de mulheres) e um palco. No Rex Bar: palestras, performances, música; e os drinks, para os que não são de ferro. Tudo aberto, o dia todo. De fato, está melhor do que o que eu vi por aí pelo mundo (as Art Walks não têm oficinas ou palestras).

A Biblioteca se apossou do MISA. O SESC, do Iphan. Pinacoteca, Sebrae e Academia Alagoana de Letras, da Associação Comercial. A Edufal e as editoras estão no Armazém Uzina. Palestras e rodas de conversa em todo lugar. O estacionamento é enorme. Há um Pavilhão de Oficinas, e eu até vi personagens na rua. O Jaraguá está que é uma vila deliciosa. E eu no proveito.

Parabéns, Profª Lídia Ramires, pela aposta e iniciativa, e um agradecimento à Profª Elvira Barretto e a toda a equipe organizadora da Edufal. Eu apoio a magia da literatura nos paralelepípedos do Jaraguá. E o povo sentado no meio da rua. Assistindo, recebendo e tomando do que é seu. @bienalalagoas

*É escritora, artista plástica, designer, terapeuta holística, taróloga/astróloga.

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