Polícia de SP investiga morte de alagoano e mais três após ingerir bebida alcoólica

Bebida alcoólica supostamente envenenada ingerida por grupo de moradores de rua em Barueri — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil investiga pelo menos quatro hipóteses para descobrir o que provocou a morte de quatro pessoas após grupo ter tomado uma bebida supostamente envenenada, em Barueri, na Grande São Paulo, no sábado (16). Quatro pessoas estão internadas e foram ouvidas pela polícia nesta segunda-feira (18).

A investigação tenta saber se as mortes foram decorrência de crime ou fatalidade:

1) Vingança
Uma das hipóteses é a de que comerciantes poderiam ter dado uma garrafa com bebida envenenada para o grupo que mora nas ruas por vingança. Há relatos de que comerciantes e vítimas teriam discutido antes pelo fato de elas ocuparem a região, atrapalhando o comércio.

2) Cracolândia
Outra hipótese é a relatada pela Guarda Civil Municipal (GCM) de Barueri, de que um dos sobreviventes teria dito que na última sexta-feira (15), desconhecidos deram a ele a garrafa de bebida alcoólica quando estavam na Cracolândia, região Central de São Paulo conhecida pelo consumo e tráfico de drogas.
A Cracolândia fica a 25 km de distância da praça em Barueri, onde o grupo estava.

3) Barueri
Outra hipótese vem de uma testemunha. Ela contou à TV Globo que a bebida foi entregue ao grupo em Barueri por pessoas que estavam num carro. A investigação solicitou as gravações de câmeras de segurança para tentar identificar quem levou a garrafa com a bebida às pessoas que estavam na praça. Até esta segunda-feira a polícia não identificou nenhum suspeito nas imagens.

4) Fatalidade
Na hipótese de ter sido uma fatalidade, as vítimas, teriam misturado medicamentos com entorpecentes e álcool e tido uma espécie de overdose. Não está descartada ainda a possibilidade de que o grupo tenha consumido álcool adulterado e se intoxicado.

Contradição de sobrevivente
Aos policiais, Vinícius contou que na sexta-feira (15) saiu da Cracolândia, na região central de São Paulo. De lá ele foi caminhando ao Centro de Barueri, um trajeto de 27 quilômetros. Ele declarou que levou a garrafa numa mochila e não mexeu nela. Ainda segundo a polícia, Vinícius falou que dormiu em um albergue até a manhã de sábado. E às 7h30 de sábado levou a garrafa até a praça é deu a bebida aos colegas.

O SP2 esteve no albergue e descobriu uma contradição. O diretor não gravou entrevista, mas disse que Vinícius costuma dormir na casa. Mas, não passou por lá na sexta-feira. A informação será analisada pela polícia. A garrafa com o líquido que matou quatro pessoas foi recolhida no sábado pela perícia.

Segundo a polícia, o conteúdo original da cachaça, vendida no mesmo tipo de garrafa é transparente. A bebida que estava dentro é amarelada. Os peritos separaram amostras e vão tentar descobrir no laboratório se a bebida foi envenenada ou se recebeu a mistura de algum produto químico capaz de matar em menos de dez minutos.

A Procuradoria-geral de Justiça de São Paulo vai designar um membro do Ministério Público Estadual (MPE) para acompanhar a investigação.

O caso
Na manhã de sábado, as vítimas estavam numa praça da cidade, na Avenida Campos Salles, quando ingeriram o líquido de uma garrafa de bebida alcoólica. Pelo menos, seis pessoas do grupo viviam em situação de rua.

Cinco pessoas, sendo uma mulher e quatro homens, estão internadas num hospital municipal com sintomas de intoxicação (pupilas dilatadas, tremores no corpo e taquicardia). Uma das vítimas ainda tem um ferimento na cabeça, provavelmente de uma briga. O estado de saúde delas é considerado regular e estável.

Quatro homens, que faziam parte do grupo, morreram logo após a ingestão da bebida na manhã de sábado. Os corpos foram localizados na Praça da Bandeira. Entre as vítimas, dois eram moradores de rua.

O delegado Anderson Pires Giampaoli, titular da Delegacia de Barueri, que investiga o caso, disse que iria ainda nesta manhã ouvir o relato dos sobreviventes para esclarecer a origem da bebida. O caso foi registrado como mortes suspeitas a esclarecer.

IC e IML
A delegacia de Barueri, que apura as causas e eventuais responsabilidades pelo ocorrido, pediu para a Polícia Técnico Científica analisar o líquido que estava na garrafa apreendida, além de apontar o que matou as vítimas.

A garrafa foi levada ao Instituto de Criminalística (IC), na capital paulista, para exames identificarem o conteúdo da substância presente na bebida.

As causas das mortes serão confirmadas pelo Instituto Médico Legal (IML). O Núcleo de Toxicologia analisou os cadáveres para determinar o que os matou por meio do exame necroscópico.

Os resultados dos exames podem levar até uma semana para serem concluídos.

“Precisamos esclarecer se estamos diante de uma fatalidade ou, de fato, de um crime no qual essas pessoas foram vítimas de um envenenamento”, disse o delegado Anderson Pires Giampaoli.

Seis das nove pessoas, que passaram mal após ingerir a bebida alcoólica supostamente envenenada, dormiram em albergue municipal de Barueri na noite de sexta-feira.

“Eles saem do albergue, entre 6h e 7h, se dirigem à praça, que fica próximo dali, e passam mal após ingerirem essa bebida”, relata o delegado.

Mortos
Edson Sampaio da Silva, de 40 anos
Luiz Pereira da Silva, de 49 anos
Marlon Alves Gonçalves, de 39 anos
Denis da Silva, de 33 anos

Os corpos de Edson Sampaio da Silva e de Denis da Silva foram enterrados no domingo em Barueri.

O enterro de Luiz Pereira da Silva seria em Osasco. Já o corpo de Marlon Alves Gonçalves estava IML aguardando liberação no domingo.

Internados
Renilton Ribeiro Freitas, 43 anos,
Silvia Helena Euripes, 54 anos
Vinicius Salles Cardoso, 31 anos
Sidnei Ferreira de Araújo Leme, 38 anos
Paulo Cezar Pedro, de 41 anos

Fonte: G1

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