Jovem com leucemia consegue doador, mas falta de leitos no SUS impede transplante

Jaqueline Kolling deixou o emprego e a faculdade para fazer o tratamento da doença. No Rio Grande do Sul, apenas o Hospital de Clínicas é autorizado a fazer o procedimento que ela precisa.

Reprodução/RBS TV

Jaqueline Kolling espera por leito em hospital para fazer cirurgia

Há quase dois anos Jaqueline Kolling Borges foi diagnosticada com leucemia. Com o avanço da doença, em meio aos remédios e quimioterapias, Jaque, como é conhecida, deixou o trabalho e adiou o sonho de se formar em Enfermagem.

Aos 21 anos, ela recebeu a notícia de que precisaria de um transplante de medula óssea. Entre os familiares, ninguém é compatível.

“Meu irmão vai ser 100% comigo, meu irmão vai ser! Ele vai ser 100%. Não, ele não foi 100%”, lembra Jaque.

O transplante da Jaque teria que ser, então, do tipo ‘não aparentado’, ou seja, quando o doador não é um familiar. Ela teve que encontrar um doador compatível na lista de cadastrados no Registro Nacional de Doadores, o Redome. E encontrou, mas a falta de leitos disponíveis impede a realização da cirurgia.

“Quando a gente conseguiu o doador, que é uma coisa muito difícil, infelizmente eu ainda não consegui fazer o transplante. E tem que esperar ainda não sabemos quanto tempo” desabafa.

Além disso, no Rio Grande do Sul, apenas o Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, é autorizado a fazer esse tipo de procedimento. São 13 leitos que recebem pacientes também de Santa Catarina.

A família de Jaqueline chegou a buscar hospitais particulares para fazer o procedimento, mas o valor passaria de R$1 milhão.

De acordo com a médica Alessandra Paz, chefe do serviço de hematologia do Hospital de Clínicas, existe uma fila de espera com 99 pessoas, somando os diferentes tipos de transplantes de medula.

“É difícil para a gente também, porque a gente gostaria que não existisse essa fila, então a gente tenta ser o mais justo possível, dentro dos critérios do Ministério da Saúde. A portaria do ministério determina que tenha uma pontuação por determinadas características, por exemplo, gravidade, idade, tipo de doença, qual chance de cura, isso somado ao tempo na fila”, explica Alessandra.

Saiba como ser doador de medula óssea

Para se tornar doador, o voluntário deve se dirigir a uma das unidades habilitadas, espalhadas por todo o Rio Grande do Sul, cadastrar seus contatos e retirar uma pequena quantidade de sangue, que irá para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea.

A coleta de sangue é feita apenas uma vez. Caso seja compatível com algum integrante da lista de espera, o voluntário é questionado se deseja fazer a doação. Telefones e endereços precisam estar sempre atualizados a fim de possibilitar a localização do doador.

Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:

  • Ter entre 18 e 55 anos de idade.
  • Apresentar documento oficial de identidade com foto.
  • Estar em bom estado geral de saúde.
  • Não ter doença infecciosa ou incapacitante.
  • Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.
  • Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.
Fonte: G1 / RS

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