Trote considerado racista repercute na web e universidade proíbe prática

Imagens publicadas nas redes sociais mostram uma caloura de Engenharia com o corpo pintado com tinta preta e vestida de garçonete.

Publicação de caloura pintada com tinta preta durante trote na UFRJ, em Macaé, repercute nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um trote de universitários do curso de engenharia da UFRJ em Macaé, no interior do Rio, ganhou repercussão nas redes sociais depois que calouros publicaram fotos que mostram uma estudante branca pintada com tinta preta e vestida de garçonete nas redes sociais.

O trote realizado nesta quinta-feira (5) foi considerado racista e internautas relacionaram o ocorrido com a prática de blackface, prática racista de cerca de 200 anos.

Na publicação original, que já foi excluída das redes sociais, a caloura que foi pintada escreveu:

“Oficialmente na federal #UFRJ. (Oi gente, vou explicar aqui. Eu não escolhi ser pintada da forma que foi, foi escolha dos veteranos e eles escolheram assim não sei o porquê. Mas não acho que foi no intuito de fazer Black face. A bandeja e o avental é pela brincadeira que tá fazendo com a turma inteira, porque por ser [da turma] 010 falaram sobre os 10% do garçom e chamam a gente de calouro garçom. Não é na intenção de ofender ninguém)”.

A direção do Campus URFJ-Macaé emitiu uma nota de repúdio no site da universidade e nas redes sociais dizendo que “repudia quaisquer manifestações de caráter racista em suas dependências e que abrirá inquérito para apurar o ocorrido no dia 05 de março no trote dos calouros da Engenharia”.

A universidade disse ainda que as investigações serão realizadas seguindo o procedimento legal e, caso seja constatado crime de racismo, os envolvidos serão responsabilizados tanto na esfera acadêmica quanto na criminal.

A direção também informou que enquanto durarem as investigações, os trotes estão suspensos e proibidos dentro das dependências do Campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro em Macaé.

A universidade reforçou que lançou, no início da semana, uma campanha para impedir o trote violento ou vexatório e garantiram que condutas de caráter racista, homofóbico, sexista ou que configure qualquer tipo de discriminação serão severamente punidas.

Posicionamento da Atlética de Engenharia

A associação Atlética de Engenharia UFRJ-Macaé publicou uma nota no perfil oficial nas redes sociais onde disse que repudia o ocorrido durante a matrícula dos novos alunos no polo de Macaé e reiterou que não faz parte da Comissão que organiza a recepção dos novos alunos. Por isso, não tem poder de determinar as atividades a serem realizadas.

A nota informou ainda que a bandeira da Atlética que aparece na foto foi emprestada para a Comissão de Trote e, por isso, aparece nas fotos que mostra a caloura pintada de preto com bolas azuis e segurando uma bandeja.

A Atlética concluiu a nota dizendo que “intencionalmente ou não, qualquer ato racista deve sempre ser reprovado. Ressaltamos que REPUDIAMOS todo e qualquer ato de racismo, homofobia, xenofobia, machismo, sexismo ou qualquer outro tipo de preconceito”.

G1 entrou em contato com a UFRJ e pediu um posicionamento da Comissão de Trote e aguarda o retorno.

G1 entrou em contato com a Polícia Civil para saber se o caso foi registrado na delegacia de Macaé e aguarda o retorno.

G1 tenta contato com os envolvidos no trote e que foram marcados nas fotos que causaram a polêmica mas até a publicação desta reportagem não conseguiu falar com os universitários. Alguns perfis se tornaram privados e outros mudaram de nome nas redes sociais ou foram desativados.

Fonte: G1

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