Weintraub publica post com insinuações contra a China, depois apaga; embaixada repudia

Embaixador cobrou uma resposta oficial do Brasil.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub — Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou uma postagem no Twitter no fim de semana com insinuações de que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise mundial causada pelo coronavírus. Depois, ele apagou o texto. A embaixada chinesa no Brasil, também na rede social, divulgou uma resposta repudiando a fala do ministro e o embaixador, Wanming Yang, cobrou uma declaração oficial do governo sobre a fala de Weintraub.

O texto de Weintraub imitava a fala do personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, que, ao falar, troca a letra “R” pela “L”. O ministrou ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, efetuarem a mesma troca de letras.

Na postagem, Weintraub insinuou que a China vai sair “relativamente fortalecida” da crise do coronavírus e que isso condiz com os planos do país de “dominar o mundo”. Disse ainda que haveria, no Brasil, parceiros dos chineses nesse objetivo.

“Geopolíticamente [sic], quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu Weintraub. Para ilustrar a postagem, ele publicou ainda uma foto de uma capa de um gibi da Turma da Mônica, que mostra os personagens na China.

Nesta segunda-feira (6), também na rede social, o embaixador da China no Brasil Wanming Yang, disse que a China espera um posicionamento oficial do Brasil sobre a declaração de Weintraub.

“O lado chinês aguarda uma declaração oficial do lado brasileiro sobre as palavras feitas pelo min. da educação, membro do governo brasileiro. Nós somos cientes de que nossos povos estão do mesmo lado ao resistir às palavras racistas e salvaguardar nossa amizade”, escreveu. Na postagem, Yang marcou o perfil do Ministério das Relações Exteriores.

Antes, o perfil da embaixada da China no Brasil já havia publicado um texto repudiando as declarações de Weintraub. A embaixada afirmou que Weintraub fez declarações “absurdas”, “desprezíveis” e de “cunho racista”.

“Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil”, escreveu a embaixada.

A representação diplomática disse ainda que o ministro tenta “estigmatizar” a China “ao associar a origem da covid-19 [doença causada pelo coronavírus] ao país. O primeiro epicentro do coronavírus foi a cidade de Wuhan, na China.

“Atualmente, a pandemia da Covid-19 está se espalhando globalmente, trazendo um desafio que nenhum país consegue enfrentar sozinho”, continuou a embaixada. “A maior urgência neste momento é unir todos os países numa proativa cooperação internacional para acabar com a pandemia com a maior brevidade”, completou.

A embaixada concluiu a resposta cobrando que aqueles que tenham ofendido a China “corrijam” os erros.

“Instamos que alguns indivíduos do Brasil corrijam imediatamente os seus erros cometidos e parem com acusações infundadas contra a China”.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil no mundo. Grande parte das exportações brasileiras vai para o país asiático. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores o comércio bilateral entre os dois países movimentou US$ 98 bilhões em 2019.

Outro ataque à China
Esse não foi o primeiro ataque de uma autoridade brasileira à China nos últimos dias. Em 18 de março, também em uma rede social, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, escreveu que a “culpa” pelo coronavírus era da China.

“Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. […] +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. […] A culpa é da China e liberdade seria a solução”, publicou Eduardo Bolsonaro.

Também naquela ocasião, e embaixada publicou uma resposta. O embaixador Yang Wanming disse que manifestaria sua indignação junto a órgãos do governo e marcou os perfis do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

“A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a @camaradeputados. @BolsonaroSP @ernestofaraujo @RodrigoMaia”, respondeu Yang Wanming.

Fonte: G1

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