É #FAKE que mistura de laranja, limão e melão-de-são-caetano cure a Covid-19

Trata-se de apenas de mais uma falsa “cura milagrosa” para a doença, explicam especialistas

Está sendo compartilhado nas redes sociais que a mistura de laranja, limão e a planta medicinal melão-de-são-caetano cura a Covid-19. A “receita milagrosa” inclui ainda ingerir alho duas vezes ao dia. É #FAKE.

Não existe qualquer embasamento científico para esta afirmação, segundo especialistas entrevistados pela CBN. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde vêm reiterando que não há fórmulas caseiras que tenham ação comprovada contra o coronavírus, seja na prevenção, seja no tratamento da infecção.

A mensagem falsa tem tom de relato pessoal, para ser mais convincente. A pessoa diz que ela e parentes apresentaram “sintomas fortíssimos” da Covid-19, como “dor de garganta, febre, falta de ar e cansaço até para falar”, além de dor de cabeça e diarreia. A orientação dada é picar e refogar alho na manteiga e ingeri-lo duas vezes ao dia; além disso, deve-se bater no liquidificador, com água, uma laranja com casca, um limão com casca e o melão-de-são-caetano. Só que nenhuma das indicações tem poder contra o novo vírus, conforme os médicos ouvidos pela CBN.

O autor diz que “o resultado foi incrível”, e que em dois dias os sintomas passaram, sem necessidade de consulta médica. Mas cabe ressaltar que 80% das pessoas infectadas têm quadros leves ou são assintomáticas, ou seja, melhoram sem que haja necessidade de atendimento. Ou seja, a evolução positiva do quadro iria se dar de qualquer forma, com ou sem a ingestão do remédio caseiro.

A equipe do Fato ou Fake já desmentiu outras mensagens que propagandeiam “receitas milagrosas” para a Covid-19 que incluíam laranja, limão, alho, e também mel, vinho, café, açafrão e chás de outras plantas medicinais. Todas carecem de comprovação científica.

Sobre o melão-de-são-caetano (Momordica charantia), uma planta trepadeira de origem asiática, o infectologista Alberto Chebabo, diretor da Divisão Médica do Hospital Clementino Fraga Filho, da UFRJ, reforçou que não existe qualquer evidência de uso bem-sucedido desta planta no tratamento da Covid-19.

O pneumologista Rodolfo Fred Behrsin, professor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, explica que fórmulas caseiras não passam por testes, e, por isso, não podem ser consideradas confiáveis: “É mais uma receita prometendo resultados fáceis para uma doença muito complexa. Infelizmente, não é verdade que esta receita tenha eficácia contra o Sars-Cov-2. No mundo, milhares de pesquisadores buscam uma solução para a cura ou controle da Covid-19. Não podemos confiar em fórmula caseira não submetida a testes realizados com critérios cientificamente provados”.

O infectologista Ralcyon Teixeira, diretor da Divisão médica do hospital Emílio Ribas, de São Paulo, pede cautela da população ao pensar em fazer uso deste ou outro tipo de planta. “É preciso tomar cuidado com uso de plantas que se dizem medicinais. Elas podem provocar efeitos colaterais em quem nunca tomou, especialmente se for de forma demasiada”, ele ressalta.

“Quando a mensagem diz que ‘ninguém precisou de médico’, vale ressaltar que de 10 pessoas que contraírem o vírus, 8 não vão precisar procurar médico mesmo. Terão um quadro benigno, com muito pouco sintoma. Então a melhora foi atribuída à planta, mas já aconteceria”, explica.

De gosto amargo, o melão-de-são-caetano, conhecido também como melãozinho, é usado tradicionalmente em quadros de diabetes e problemas de pele. Teria ação cicatrizante, hipoglicemiante (regularia o nível de glicose no sangue) e antiviral. Pode ter efeitos adversos, como diarreia, dor abdominal e vômitos. Mais grave ainda: pode provocar aborto. Não convém o uso sem supervisão médica.

A infectologista Ingrid Cotta, médica da Beneficiência Portuguesa de São Paulo, frisa: na dúvida, quem estiver com os sintomas da Covid-19 deve procurar um profissional, em vez de se automedicar. “Não existe evidência alguma. Acreditar nesses tratamentos que surgem nas redes sociais pode trazer benefícios para quem publica, mas enormes riscos para quem segue. O risco é que essas fórmulas agridam o organismo, provocando dor de cabeça, diarreia, náusea, gastrite, ou até mesmo uma hepatite grave.”

Também da equipe do hospital, o pneumologista José Rodrigues lembra: “Nunca vai existir um estudo que ateste que esse tipo de combinação é benéfica para o tratamento da Covid-19, porque se trata de uma bobagem.”

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, resume: “Não temos comprovação científica de que qualquer erva tenha ação para prevenir ou tratar a Covid-19. É preciso muito cuidado no uso de plantas medicinais. Elas podem causar efeitos adversos, como alterações na pressão arterial e problemas nos rins, no fígado e no cérebro”.

Fonte: G1

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