Advogado é assassinado e juiz acredita que era o verdadeiro alvo de criminosos

Delegado-geral da PC teria contratado pistoleiros para matar juiz

O ano é 2009. O advogado mineiro Nudson Harley Mares de Freitas, de 46 anos, falava em um telefone público, na Avenida João Davino, em Mangabeiras, quando foi atingido por vários disparos de arma de fogo. Treze dias após o crime, o Alagoas 24 Horas recebeu informações de que a morte do mineiro havia ocorrido por engano.

Após 3 anos, assassinato de mineiro volta à baila; alvo seria juiz

 

A informação voltou à baila com a revelação da promotora Marluce Falcão – em entrevista coletiva – de que Antonio Wendel Guarnieri, envolvido no caso Gil Bolinha, teria afirmado que foi contratado por R$ 20 mil para executar uma autoridade alagoana.

Guarnieri disse à época que receberia uma motocicleta e duas pistolas .40 para concretizar o serviço. A partir da divulgação do diálogo, o ex-juiz da Vara de Execuções Penais, Marcelo Tadeu, que estava nas imediações no dia do crime, sugeriu que poderia ser o verdadeiro alvo dos assassinos e que teria sido informado por uma testemunha que um dos assassinos alegou ter havido ‘um engano’ durante o crime.

Em entrevista ao Alagoas 24 Horas em 2009, o delegado Paulo Cerqueira, que havia sido chefe da Divisão Especial de Investigações e subsecretário de Defesa Social, disse que “a possibilidade era remota e que a PC já tinha o nome de um suspeito”. Apesar disso, o inquérito foi concluído sem autoria.

Delegado acha ‘improvável’ crime por engano de advogado mineiro

Desdobramentos 

Abril de 2021. A morte do advogado Nudson Harley Mares de Freitas volta ao noticiário alagoano a partir do vazamento de informações contidas em um inquérito instaurado pela Polícia Federal para apurar o mandante do assassinato.

O nome de Paulo Cerqueira – hoje delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas – é citado, só que desta vez como indiciado pela morte do advogado.

As investigações apontam que o cabo da Polícia Militar, Natan Simeão Lira, teria contratado – a mando de Cerqueira – os autores materiais, dentre eles Antônio Wendel Guarnieri. Este confirmou à PF que a intenção era executar o magistrado Marcelo Tadeu.

Consta também no inquérito que Cerqueira passou a desvirtuar as investigações de propósito. O delegado teria pago todas as despesas de Antônio Wendel com recursos próprios. Além disso, teria dado um celular ao acusado, que era monitorado pela Deic.

Alguns diálogos entre os acusados, Antônio Wendel e Valdir Pitbull foram interceptados. Em um deles, os acusados conversam sobre a dinâmica do crime. Wendel combinava quem pilotaria a moto enquanto o comparsa atiraria na vítima. Nas investigações da PF, constam extratos telefônicos que foram retirados e sonegados dos autos por parte da PC.

Informações extraoficiais dão conta que Paulo Cerqueira mantinha Wendel Guarnieri sob vigilância, por meio de monitoramento telefônico, antes da morte de Nudson Harley.

O Alagoas 24 Horas tentou contato com Paulo Cerqueira, através da assessoria de comunicação da Polícia Civil, e aguarda posicionamento acerca do fato. A Polícia Federal em Alagoas, por sua vez, disse em nota que: “A Polícia Federal não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento. Portanto, não será possível dar atendimento sobre o assunto demandado”.

Nesta sexta-feira, 9, o juiz Marcelo Tadeu concederá uma entrevista coletiva para repercutir os desdobramentos da investigação. “Iremos nos manifestar sobre os fatos criminosos dos quais sou vítima”.

 

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