‘Enforcou demais mesmo. Eu só pedi a Deus’, diz homem que levou socos e mata-leão de PMs

Família acha que houve abuso e racismo. Polícia Militar diz que vai apurar a atuação dos dois policiais na ocorrência em João Monlevade.

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O servente de pedreiro Ederson Silva foi agredido por policiais militares em João Monlevade, Minas Gerais

A Polícia Militar (PM) vai apurar a atuação dos dois militares na abordagem a um homem negro, em João Monlevade, na Região Central de Minas Gerais, na última quinta-feira (29). Somente depois que as imagens viralizaram na internet, a polícia abriu inquérito para apurar o caso. A família acha que houve abuso e racismo.

O servente de pedreiro Ederson Silva conta que costuma dar gritos para brincar com os amigos e, em uma dessas brincadeiras, os policiais passaram e entenderam que tinham sido insultados. O jovem negro disse como foi estrangulado.

“Enforcou demais mesmo. Na hora que você vê lá no vídeo eu tirando a mão deles, ia puxando mais. Eu só pedi Deus, né?”, diz Ederson.

A abordagem policial aconteceu em uma distribuidora de bebidas onde havia vários clientes que tentaram conter a ação dos policiais.

Os dois policiais chegaram ao local e um deles abordou Ederson, que é colocado contra a parede, com as mãos para cima. Em seguida, os PMs tentam algemá-lo, mas o homem resiste e é derrubado no chão.

Segundo o boletim de ocorrência, Ederson reagiu à prisão com socos e ainda tentou pegar a arma dos militares, mas nas imagens não é possível identificar essas agressões.

Por outro ângulo do vídeo é possível ver um dos militares segurando Ederson pelo pescoço e, mesmo imobilizado, o outro policial dá vários socos no rosto dele. Uma mulher tentou proteger o jovem, mas foi empurrada pelo PM.

A polícia disse que Ederson já tem uma passagem por desacato, mas ele alega que não chegou a ser detido, nem pagou fiança. Dessa vez, a família teve que pagar R$ 1,1 mil para ele ser liberado. Para a irmã, houve abuso dos policiais.

“Pra que pegar meu irmão e apertar o pescoço dele daquele jeito? Eu acho que nem com um cachorro você faz aquilo, quanto mais com um ser humano deitado, algemado. Se você for olhar a filmagem, o menino não tava tendo nem como respirar. Teve racismo totalmente, principalmente pra pegar ele. Se fosse um branco eles não iam fazer daquele jeito não”, desabafa Tatiana Silva.

PM investiga a abordagem de militares a homem negro no interior de MG

A PM afirma que as imagens estão sendo analisadas pelo comando da unidade de João Monlevade.

“O que fica claro nas imagens é que só há o uso da força pelo policial militar após a reação, a ação inicial desse autor. A abordagem é uma questão técnica e ela acontece independentemente de qualquer questão de cor, de raça, de religião, de credo, de questão filosófica. O que passou ali, o que gerou essa abordagem policial foi o comportamento desse cidadão, que ofende os militares que estavam passando, patrulhando aquela região”, rebate a porta-voz da PM, capitão Layla Brunnela.

A ação policial deixou o dono da distribuidora indignado. Silvério de Oliveira acredita que houve racismo porque tinha uma outra pessoa branca no local e nada foi feito com ela.

Fonte: G1 MG

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