MC Serginho fala da saudades de 10 anos após morte de Lacraia

Lacraia e MC Serginho Foto: Reprodução

Eles se conheceram e se tornaram amigos antes de a parceria se tornar também profissional, no anos 2000. A partir de então, a convivência ficou mais intensa, diária. O que rendeu a MC Serginho e Lacraia bastante sucesso nos 12 anos que trabalharam juntos e divertiram o público com hits como “Vai Lacraia” e “Eguinha Pocotó”. Vítima de pneumonia, Marco Aurélio da Silva Rosa, nome de batismo da artista, Lacraia morreu há dez anos. Ao relembrar dela, Serginho se emociona.

“São duas datas. Em oito de maio, minha filha faz aniversário. E, no dia dez, foi o dia em que a Lacraia morreu. É difícil não lembrar. Recebo mensagem de todo mundo, mandando muito carinho. Minha oração é para ela se manter iluminada, onde estiver e a cada dia. Passei 12 anos da minha vida com a Lacraia, convivendo diariamente. A gente sabe que (a morte) é uma coisa certa. Mas é difícil de a gente aceitar”, diz Serginho, emocionado.

Serginho conta que os parentes de Lacraia também sentem muitas saudade, mas que estão bem. Ele os encontra, vez ou outra. “Estão todos bem.. Às vezes vejo a mãe, Dona Maria Alice, as irmãs… A mais nova postou sobre a saudade da Lacraia. Eles eram muito agarrados”, diz ele.

Serginho e Lacraia são da comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. Se conheceram, antes da fama, na quadra do Salgueiro. Ficaram amigos. Tempos depois, iniciaram o trabalho juntos e viraram sucesso.

O MC relembra que durante o tempo ao lado de Lacraia, a receptividade era positiva. Ele a considera um marco na luta contra o preconceito. Quando ocorria algum problema, diz ele, respondia com bom humor e contornava a situação. Um episódio, porém, foi um pouco mais sério: “Nós fomos em um jogo no Maracanã e decidimos sair um pouco antes do fim da partida para evitar a multidão. Dois rapazes saíam do banheiro. Um deles deu um tapa nela, estava bêbado. Reclamei. Ele deu outro. Aí eu caí para dentro. Mas depois ficou tudo bem. E a gente até conversou”.

Apenas um detalhe frente aos momentos que, de acordo com MC Serginho, foram transformadores. Num deles, foram se apresentar numa cidade do interior. No local, foram recebidos por um grupo grande de homossexuais, que agradeceram e homenagearam Lacraia.

“Tem antes e depois da Lacraia. Na cidade do interior, esse grupo de LGBTs assumidos agradeceram. Disseram que antes as pessoas gritavam para eles ‘viados escrotos’, e agora gritavam ‘vai lacraia’ “, conta o MC, com orgulho, que acrescenta:

“A gente entendeu que tinha um papel importante na missão de ressocializar as pessoas (da comunidade LGBTQIA+). Arrisco dizer que não há pessoa mais importante do que ela nisso. Porque depois, o tema começou a aparecer mais na televisão, nas novelas… Foi um grito de liberdade: quem estava em cima do muro, caiu; e quem estava no armário, saiu”, celebra.

São memórias que MC Serginho guarda com carinho. “É inexplicável. Só quem perdeu alguém assim sabe como é. Não fui a lugar nenhum sozinho. Para mim foi um privilégio. Por isso, oro pela minha mãe, pelo meu pai e pela Lacraia, que me fez conhecer coisas, apresentou situações, pessoas e me transformou”, conclui ele.

Lacraia morreu no dia 10 de maio de 2011, aos 33 anos. Antes do sucesso, foi cabeleireira em salão de beleza, camareira e atuou também como camelô. A dançarina chegou a ser internada e tratada num hospital do Rio, após ficar doente, mas não resistiu.

Fonte: Extra

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