Casa da Mulher Alagoana recebeu 20 denúncias de violência doméstica em um mês

Vítimas tinham entre 25 e 58 anos; maioria dos casos envolve violência psicológica

No primeiro mês de funcionamento, a Casa da Mulher Alagoana realizou 41 atendimentos. Vinte denúncias de violência doméstica foram registradas na delegacia que funciona no local. Pedidos de informação e encaminhamentos para outros setores da Casa somaram 21.

As mulheres que fizeram denúncias tinham entre 25 e 58 anos de idade e moravam em diferentes bairros de Maceió, como Bom Parto, Jacintinho, Santa Amélia, Cruz das Almas e Ponta Verde. A diversidade do público chamou atenção, segundo a psicóloga Bárbara Abreu.

“A diversidade é tanto no sentido de faixa etária, quanto de bairros de origem e de tipos de demandas. Isso nos mostra que, de fato, as mulheres têm sofrido diversos tipos de violência, não importando a classe econômica ou a idade”, afirmou.

De acordo com a psicóloga, a maioria das mulheres atendidas relatou sofrer mais de um tipo de violência ao mesmo tempo. A principal é a violência psicológica, conduta que causa dano emocional, diminuição da autoestima e prejuízo ao desenvolvimento das vítimas.

“Humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, insulto, ridicularização e limitação do direito de ir e vir são alguns exemplos de violência psicológica”, explicou Bárbara. Outras violências comunicadas foram a física, a moral, a patrimonial e a sexual.

De acordo com a coordenadora da Casa, Érika Lima, a violência psicológica é por onde tudo começa. “Depois passa para o empurrão, para a agressão e chega ao feminicídio. O nosso objetivo é evitar que as mulheres cheguem a essas situações mais graves”, afirmou.

 

 

Faixa etária das vítimas de violência doméstica atendidas na Casa da Mulher

Para o desembargador Tutmés Airan, que está à frente da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) e foi um dos idealizadores da Casa, os números do primeiro mês mostram o acerto da política de instalação do equipamento.

“Os números já indicam o quão volumoso é o problema da violência doméstica e o quanto ele precisa de atenção por parte das autoridades”, afirmou o desembargador, ressaltando dados de pesquisa nacional que apontou Alagoas como o Estado com mais casos de feminicídio no Nordeste, e o quinto em todo o Brasil. “Esses números mostram a necessidade de um equipamento como a Casa da Mulher”.

A tendência, segundo Tutmés Airan, é que o local seja cada vez mais procurado. “Tenho certeza de que a Casa vai continuar dando frutos. Precisamos oferecer proteção integral às vítimas de violência doméstica”, destacou.

Funcionamento

A Casa da Mulher Alagoana passou a ter todos os serviços funcionando no dia 10 de maio. O prédio, localizado ao lado da Praça Sinimbu, no Centro de Maceió, reúne Delegacia, Defensoria Pública, Juizado, Patrulha Maria da Penha e outros órgãos da rede de proteção às mulheres.

O local conta ainda com alojamento temporário, salas de atendimento psicossocial, brinquedoteca e centro de mediação e conciliação. O atendimento às vítimas é feito de segunda a sexta, das 7h30 às 19h30.

Segundo a coordenadora Érika Lima, a intenção é ampliar o atendimento no futuro. “Pretendemos, assim que houver condições, passar a atender 24 horas, todos os dias da semana”.

Fonte: Dicom/TJ

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