Coordenador é indiciado após estudante ter parte do corpo queimado durante experimento em escola

Annelise Lopes depois e antes de ter 60% do corpo queimado após experimento em escola de Anápolis, Goiás — Foto: Montagem/g1

Um coordenador pedagógico foi indiciado após a estudante Annelise Lopes Andrade, de 17 anos, ter 60% do corpo queimado durante um experimento em uma escola de Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo a Polícia Civil, um estudante também deverá responder por ato infracional possivelmente análogo ao crime de incêndio culposo.

g1 tentou contato com a escola onde aconteceu o acidente, por ligação às 15h30 desta sexta-feira (13), para pedir um posicionamento, mas as chamadas não foram atendidas. Até a última atualização, a reportagem não havia obtido contato com as defesas do coordenador e do estudante para que se posicionem.

O inquérito foi concluído pela Polícia Civil nesta sexta-feira (13). A delegada Kênia Segantini, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Anápolis, disse que a corporação entendeu que o coordenador não providenciou condições de vigilância, nem impediu o experimento.

Ainda de acordo com a polícia, o coordenador assumiu a responsabilidade de zelar pela integridade física dos estudantes ao disponibilizar uma das salas para que os alunos fizessem o trabalho. Além disso, o homem não se inteirou com a professora sobre qual era o experimento e sobre os potenciais riscos.

Já em relação ao estudante, a delegada explicou que ele idealizou o experimento e ficou responsável de avisar para a professora sobre como ele feito e quais ingredientes seriam utilizados, o que não foi feito. Além disso, ele despejou etanol sobre o vasilhame em quantidade excessiva, o que provocou as chamas.

“Na delegacia de polícia ele [o coordenador] foi indiciado. No poder judiciário, não sabemos qual será a decisão. Menor não é indiciado, mas deve responder perante o juizado da infância pelo incêndio culposo qualificado pela lesão”, contou a investigadora.

 

Annelise se queimou em novembro de 2021. No início de fevereiro, após 64 dias, passando por cirurgias para enxerto, teve alta do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). No fim do mesmo mês, precisou ser internada de novo após fortes dores durante a troca de curativos. Depois de mais 48 dias, ela voltou para casa, em Anápolis.

Com a conclusão da investigação, o coordenador deverá responder por abandono de incapaz, qualificado pelo resultado mais gravoso, qual seja lesão grave/gravíssima.

Já sobre o menor, a PC enviou uma cópia dos autos à Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), para apuração do ato infracional possivelmente análogo ao crime de incêndio culposo com aumento de pena por resultar em lesão corporal.

Annelise Lopes recebe alta após ter corpo queimado em experimento na escola de Anápolis, Goiás — Foto: Reprodução/InstagramAnnelise Lopes recebe alta após ter corpo queimado em experimento na escola de Anápolis, Goiás — Foto: Reprodução/Instagram

Acidente na escola

 

Annelise se queimou no dia 30 de novembro do ano passado, quando foi à escola, em Anápolis, a 55 km de Goiânia, com mais três estudantes para gravar um experimento chamado “fogo invisível”. Segundo a direção do colégio, os alunos foram autorizados a usar a sala, mas não disseram que usariam álcool.

Desde então, a estudante estava internada no hospital. Nesse período, passou 24 dias na UTI e já passou por duas cirurgias para enxerto. Porém, um dos procedimentos não saiu como o esperado e precisará ser refeito.

“Eu quero agradecer principalmente aos médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas, psicólogos que estão cuidando de mim. Eu sou muito grata, peço que orem por mim, acho que vou precisar fazer outra cirurgia, ainda não sei, mas com fé em Deus logo, logo irei para casa”, disse a estudante, dias antes de receber alta.

Fonte: G1

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