Frank Lampard venceu apenas um de seus últimos 17 jogos como técnico, perdendo 14 e empatando dois. Uma sequência negativa ampliada por uma fase ruim no Everton, onde foi demitido em janeiro. Desde que voltou a Stamford Bridge para ser o interino do Chelsea após a queda de Graham Potter, perdeu três de três em todas as competições.
Os Blues e o grupo liderado por Todd Boehly, que se tornou proprietário do clube em maio do ano passado, esperam que o ídolo consiga reverter a desvantagem de 2 a 0 contra o Real Madrid e garanta uma vaga às semifinais da Champions League.
As equipes se enfrentam nesta terça-feira (18), em Stamford Bridge, com bola rolando a partir de 16h (de Brasília).
Isso é tudo o que o Chelsea ainda tem para se agarrar após 11 meses desastrosos do clube.
A menos que a equipe consiga produzir um milagre, a temporada em Stamford Bridge estará encerrada, já que não tem chances de terminar entre os quatro primeiros da Premier League.
Boehly previu uma vitória por 3 a 0 do Chelsea no jogo de ida contra os atuais campeões europeus no Santiago Bernabéu; a realidade acabou sendo a dura derrota. O proprietário dos Blues tem se acostumado a errar desde que comprou o clube por £ 4,25 bilhões de Roman Abramovich.
Os erros de Boehly estão bem documentados: desde demitir Thomas Tuchel, técnico campeão da Champions League, após só sete jogos na temporada e substituí-lo por Graham Potter, então no Brighton, a gastar mais de 600 milhões de libras (mais de R$ 3 bilhões) para trazer reforços de peso enquanto a nova comissão não conseguia fazer o time jogar.
O equívoco mais recente foi a contratação de Lampard para ‘estabilizar’ o navio até o final da temporada.
O técnico foi dispensado pelo Everton menos de um ano depois de chegar ao Goodison Park, após uma série de nove derrotas em 12 jogos da Premier League, deixando o time à beira da zona de rebaixamento.
Suas únicas qualificações para o cargo no Chelsea eram o status de lenda em Stamford Bridge e o fato de já ter comandado o clube em um período de 18 meses, e que terminou em janeiro de 2021.
Boehly e seu conselho esperavam que Lampard restaurasse alguma calma, estabilidade e lhes desse tempo para contratar o treinador certo.
Mas se os resultados continuarem tão ruins quanto até agora, Boehly pode ter que substituir Lampard por um “bombeiro”. O cenário exato da confusão em que o Chelsea se encontra: mais perto da zona de rebaixamento do que dos quatro primeiros na Premier League, tanto em pontos quanto em posição.
Nada disso é culpa de Lampard.
O ex-meia, hoje com 44 anos, nunca iria recusar uma segunda chance em seu emprego dos sonhos, apesar de suas deficiências óbvias, mas a verdade é que sua contratação mais uma vez aponta para a ingenuidade dos novos proprietários do Chelsea.
A frustração dos torcedores transbordou durante a derrota por 2 a 1, em Stamford Bridge, no fim de semana, diante do Brighton. Foi quando se viu torcedores repreendendo Boehly com raiva enquanto ele estava sentado em seu camarote no estádio.
Durante a passagem de 19 anos de Roman Abramovich como proprietário do Chelsea, o clube desenvolveu uma reputação de contratar e demitir treinadores (13 no total) – mas acertando com mais frequência do que errando.
Dito tudo isso: depois de tomar decisões precipitadas sobre Tuchel, Potter e Lampard, Boehly e os diretores de futebol são confiáveis para fazer a contratação do novo técnico?
Os primeiros sinais não são promissores se você considerar a variedade de nomes no radar.
Fontes disseram à ESPN no início deste mês que até sete técnicos estão na lista do Chelsea, incluindo Julian Nagelsmann, Luis Enrique, Mauricio Pochettino, Ruben Amorim e até mesmo Carlo Ancelotti.
Se o Chelsea tem uma estratégia, é difícil saber qual é.
Nagelsmann tem visão tática e personalidade diferentes de Luis Enrique, assim como Pochettino joga de maneira diferente de Ancelotti. Amorim construiu uma equipe empolgante em Portugal, mas carece da experiência de grandes clubes.
A abordagem errática do Chelsea levou o clube a cometer erros básicos em seu processo de contratação. É uma política amplamente adotada pelos principais gigantes do futebol manter as negociações com técnicos fora dos holofotes, enviando executivos para encontrar os candidatos em suas casas, muitas vezes em países diferentes, a fim de permitir que as entrevistas ocorram sem distração.
Mas ao se permitir encontrar Luis Enrique em Londres no início deste mês (no mesmo dia em que Lampard foi anunciado como técnico interino), o Chelsea mostrou sua jogada para o mundo.
E para todos os outros candidatos.
Independentemente dos problemas do Chelsea nesta temporada e da provável ausência nas competições europeias na próxima, o trabalho em Stamford Bridge continua sendo uma posição de prestígio para muitos dos principais treinadores do mundo.
Essa é a maior vantagem a favor do Chelsea quando eles finalmente decidirem quem priorizar como sua escolha número 1. Mas, tendo passado de uma decisão ruim para outra, o perigo é que Boehly e sua diretoria não aprendam com os erros e atrapalhem ainda mais o clube.