A menos de três meses do fim de contrato com o Flamengo, Gabigol pode ter ganho um último suspiro no clube, com o novo treinador, Filipe Luís, para tentar evitar um fechamento de ciclo melancólico, ou até a improvável permanência. Companheiros de equipe entre 2019 e 2023, os dois fizeram parte de todas as conquistas da “segunda geração de ouro” do rubro-negro. Agora seu comandante, o ex lateral-esquerdo prometeu que vai fazer de tudo para recuperar o camisa 99.
— E eu vou fazer de tudo que está ao meu alcance para recuperar o melhor nível dele, o alto nível dele e o alto rendimento que ele tem e que já teve. E assim que ele começar a falar no campo e começar a ser o Gabriel que eu conheci, com certeza ele irá recuperar os minutos que ele precisa para poder ter uma sequência e desempenhar o melhor futebol dele — completou.
O novo treinador do Flamengo já havia falado sobre sua relação com Gabigol, na época de jogador, em algumas entrevistas, e sempre a definiu como muito intensa. Apesar de Filipe ter revelado que eles já ficaram até três meses sem se falar, trata seu ex-companheiro de time como uma das grandes relações que construiu na carreira.
Mesmo sendo um amigo pessoal do atacante, o treinador não deixou de reforçar que fará o necessário para alcançar a organização coletiva desejada, para que as “peças dessa engrenagem façam a equipe funcionar”.
— Eu sei que vou tomar decisões que vão incomodar alguns jogadores e que alguns deles vão ficar bravos comigo, mas não é com o Filipe Luís pessoa, é com o Filipe Luís treinador. É importante separar — disse Filipe Luís.
A última temporada já não havia sido boa para Gabriel Barbosa. Porém, o 2024 é praticamente um ano inexistente para sua carreira. Diante das contusões, suspensão por, supostamente, tentar fraudar um exame antidoping e até uma relação fria com o último técnico, Tite, o ídolo do clube atuou em 28 partidas, sendo titular em apenas quatro delas, e marcou quatro gols.
Estrutura tática pode favorecer Gabigol
Filipe Luís não completou nem um ano como treinador ainda. Por isso, ainda é difícil de estabelecer seu plano tático apenas com as curtas experiências nas categorias de base do Flamengo. O ex-jogador, contudo, costumou utilizar, principalmente no sub-20, atacantes que atacassem a profundidade. Quem fazia essa função na equipe era o promissor Walace Yan. Ele, apesar de alto e forte, não tem muitas características de jogador de área.
Gabigol teve seus melhores momentos no rubro-negro, quando formou duplas de ataque, seja com Pedro ou Bruno Henrique. O novo treinador da equipe também utilizou com muita frequência o esquema com dois jogadores de frente, indo em contraponto ao esquema adotado pelo último comandante, Tite, em que escalava um ponta de cada lado com um centroavante de referência na frente.
O analista de desempenho e comentarista do Canal Goat e da Flatv, Bruno Pet, explica que o esquema adotado por Filipe Luís no Sub-20 pode estar relacionado as opções que tinha em mãos, e não necessariamente às preferências táticas dele.
— O Wallace Yan é um meia/ponta que o Filipe improvisou de atacante. O sub20 do Fla não tem um 9 de ofício. Pelo menos não aquele típico camisa 9. Acho que nesse caso foi mais por falta de um jogador dessas características do que por vontade do próprio Filipe — disse Bruno.
Mesmo sem ter a certeza de como o Flamengo de Filipe Luís irá jogar, o contexto atual é bem similar ao que o ex-jogador encontrou na base. Sem Pedro, lesionado, o único centroavante com características similares é Carlinhos, que até o momento ainda não conquistou a confiança dos rubro-negros.