O funcionário de um frigorífico foi preso suspeito de furtar a pedra da vesícula de um boi, conhecida como pedra de fel, que pode valer tanto quanto o ouro, em Inhumas, na Região Metropolitana da capital. Segundo a Polícia Civil, a pedra furtada estava avaliada em R$ 13,5 mil.
A prisão do suspeito aconteceu na última quinta-feira (16). O g1 não conseguiu localizar a defesa do funcionário até a última atualização desta reportagem.
Em depoimento à polícia, ele confessou que já furtava as pedras há algum tempo, inclusive em outros estabelecimentos onde trabalhou. Ainda segundo a Polícia Civil, após receberem a denúncia do furto, os policiais foram até o frigorífico e encontraram imagens das câmeras de segurança que confirmaram o crime.
Depois de abordarem o suspeito, os policiais encontraram a pedra furtada no carro dele. Preso em flagrante, o funcionário foi conduzido até a delegacia do município e autuado pelo crime de furto qualificado.
Entenda por que é tão valiosa
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Para entender o assunto, o g1 conversou com Mohanna Pagoto, 32, que é auditora fiscal federal do Ministério da Agricultura e doutoranda do Programa de Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG). A auditora explicou as razões dos valores exorbitantes e como funciona o processo de retirada da vesícula do boi.
Ao ser questionada sobre a frequência de formação dos cálculos biliares nos bovinos, Mohanna explicou que a presença da pedra de fel na vesícula do animal tem relação direta com sua alimentação.
“Geralmente, os cálculos são formados em animais mais velhos e de pasto. Então, com esses animais, tem uma certa frequência. Tudo depende da criação e alimentação do bovino”, explicou a auditora.
Com demanda quase nula no Brasil, a pedra de fel é exportada à Ásia para ser usada pela indústria farmacêutica, segundo Mohanna. A pedra é utilizada na medicina tradicional chinesa para a produção de medicamentos que auxiliam no tratamento de convulsões, pneumonias, epilepsia e outras doenças.
Segurança máxima
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Pagoto detalhou o momento em que é feito o corte da vesícula biliar do animal, que é monitorado por câmeras de segurança. Segundo a auditora, o funcionário do frigorífico responsável pelo corte não tem acesso ao conteúdo do órgão, como forma de evitar possíveis furtos.
“No momento em que a vesícula é cortada, tem uma câmera filmando o funcionário. Toda a ação após o abate é filmada” detalhou Mohanna.
A auditora fiscal completou dizendo que, após o corte, o conteúdo da vesícula cai em uma tubulação, que leva o conteúdo até uma caixa fechada com cadeados. “O conteúdo cai numa tubulação, o funcionário nem vê o que há dentro da vesícula. Tudo fica numa caixa fechada com cadeados, que é supervisionada por seguranças ao final do dia”.