Soterrado por anos, jabuti é encontrado vivo embaixo do piso de casa

Jabuti é encontrado embaixo de piso — Foto: Reprodução

O jabuti encontrado embaixo do piso de uma casa em Itacajá, no Tocantins, chamou atenção por passar anos soterrado. Luiza Coelha da Cruz Aguiar, de 60 anos, encontrou o animal e suspeita que ele tenha vivido na casa por quase uma década, época em que realizou uma reforma no local. O jabuti foi retirado por um pedreiro que registrou o momento em que o réptil foi visto.

Confira na reportagem o que se sabe sobre o caso do animal que sobreviveu durante anos embaixo de casa.

Como o jabuti foi encontrado?

Luiza e o marido chamaram um pedreiro para verificar um caso de infiltração na residência no dia 7 de fevereiro. Na parte dos fundos da casa, em um barraco feito há mais de nove anos, ele percebeu que um dos pisos estava oco e começou a quebrar. Naquele momento, o pedreiro chamou Luiza e mostrou que a infiltração na verdade era um jabuti que estava soterrado.

“Foi inacreditável, pensamos que esse jabuti veio pela carreta de cascalho que pedimos há mais de nove anos para colocar lá [fundo da casa], e ele [animal] deve ter vindo junto bem pequenininho. Quando retiramos, vimos que tinha algumas deformações no casco, que podem ter sido causadas por estar muito próximo à cerâmica e ter ficado imprensado”, contou a moradora.

Qual é a espécie do jabuti?

O jabuti é da espécie Chelonoidis denticulata, mais conhecido como Jabuti-tinga ou jabuti amarelo. Segundo o biólogo Aluísio Vasconcelos de Carvalho, o animal é da classe dos répteis e onívoro, ou seja, come tanto animais quanto vegetais, o que facilita na adaptação dele.

Esses répteis também possuem um metabolismo muito lento quando comparado com mamíferos do mesmo tamanho.

Como ele pode ter sobrevivido?

É por causa desse metabolismo lento que o jabuti pode ter sobrevivido por tanto tempo embaixo do piso. Por ser onívoro, o que estiver disponível ele come. No caso do animal encontrado em Itacajá, ele teve que viver apenas com insetos que passavam pela terra, segundo o biólogo. Os répteis também podem passar de 15 a 20 dias sem se alimentar.

“O processo de digestão é lento, então eles conseguem ficar longos períodos sem se alimentar, porque o alimento que ele consome possibilita realizar tudo aquilo de que ele precisa, a partir do pouco alimento”.

Além do metabolismo, outro fator que pode ter contribuído para a sobrevivência dele é a estivação. Nesse processo biológico, o réptil reduz a atividade metabólica durante períodos de calor e seca. Dessa forma, ele economiza energia, se protege da desidratação e pode entrar em estado de dormência.

“A estivação é basicamente a capacidade que um réptil tem de dormir na época mais quente. Os animais entram nesse processo para economizar energia. São algumas espécies, não são todas”, explicou o biólogo.

Onde o jabuti está agora?

 

Jabuti-tinga foi encontrado em soterrado após 10 anos em uma casa na cidade de Itacajá — Foto: Arquivo PessoalJabuti-tinga foi encontrado em soterrado após 10 anos em uma casa na cidade de Itacajá — Foto: Arquivo Pessoal

O animal continua na casa de Luiza. Por ter passado tanto tempo embaixo do piso, ele desenvolveu uma grande sensibilidade à luz e não consegue ficar muito tempo exposto ao sol. A moradora colocou o jabuti em um banheiro reservado. Ela conta que as fezes dele possuem compostos barrosos e que tem o alimentado com frutas.

Segundo biólogo é possível perceber que devido ao tempo que o animal passou embaixo da terra, sem acesso a uma nutrição adequada, ele desenvolveu uma deformação no casco, pele e na própria estrutura do corpo.

O que diz o órgão ambiental sobre o caso

O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) informou que o animal precisa de um tratamento adequado e até o encaminhamento para o Centro de Fauna (CEFAU) ele deve ser mantido com temperatura controlada e acesso à luz solar indireta.

O g1 solicitou informações ao Insituto para saber se uma equipe irá recolher o animal para que ele receba assistência de veterinários, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.

Fonte: G1

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