Após denúncia, PM vai apurar suposta ação truculenta no Jaraguá Folia

Representante do Movimento da População em Situação de Rua diz que foi agredida durante desfile do Bloco da Inclusão "Pule de Boa"

A Polícia Militar de Alagoas (PMAL) emitiu nota de esclarecimento nesta segunda-feira, 24, confirmando que irá apurar a denúncia de abordagem truculenta e agressão contra integrantes do Bloco da Inclusão “Pule de Boa”, na noite da última sexta-feira (21), no evento Jaraguá Folia, durante as prévias carnavalescas de Maceió.

Reprodução

Representante de Movimento de Pessoas em Situação de Rua denuncia ação truculenta da PM no Jaraguá Folia

A coordenadora do Movimento Nacional da População em Situação de Rua no estado de Alagoas, Rafaelly Machado, denunciou que foi “brutalmente agredida” e “levou uma rasteira e spray de pimenta e e gás lacrimogêneo no rosto” por parte dos militares que atuavam no evento, ao tentar dissolver um tumulto.

No pronunciamento oficial a PMAL informa que um procedimento administrativo disciplinar será instaurado para esclarecer os fatos ocorridos, enquanto reafirma que “não compactua com qualquer tipo de arbitrariedade e que, caso tenha ocorrido alguma, ela será devidamente esclarecida por meio do processo legal e da apuração necessária”.

“A Corporação reitera seu compromisso em atuar de forma técnica, dentro da legalidade e em respeito aos direitos humanos. Qualquer possível desvio de conduta cometido por seus agentes será prontamente investigado, com a celeridade necessária, assegurando o direito ao contraditório e à ampla defesa, concedidos pela Constituição Brasileira”, diz trecho da nota.

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A representante do movimento também emitiu nota de repúdio na qual classifica os policiais que agiam no evento como “despreparados” e a postura deles como “inadequada”. Ela ressalta ainda que o bloco, que desfilou pela primeira vez, tinha como objetivo “trazer a inclusão da população de rua” e que o fato aconteceu já no final do corredor da folia.

“[…] foi a primeira vez que realizamos esse bloco, para a Polícia vir com a sua abordagem truculenta, super despreparada, me agredir ainda mais. O que me revolta é ver que havia policiais que diziam que me conheciam, mas ainda continuaram fazendo aquela brutalidade. É triste saber que temos no meio da Polícia Militar bandidos fardados que se dizem defensores da ordem; que ainda se dizem ser protetores da Segurança Pública. Deixo aqui o meu repúdio a esses marginais fardados que fizeram esse tipo de abordagem comigo. Isso não me intimida em nada e não vai silenciar a minha voz, pois eu quero Justiça e vou lutar por Justiça. Só vou me acalmar depois que eu vi [SIC] a justiça acontecer. Meu repúdio a esses bandidos fardados despreparados.”, diz parta da nota da coordenadora do movimento.

Abordagens à População de Rua

No última dia 4 de fevereiro, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) e o Tribunal de Justiça e o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR/AL) debateram abordagens promovidas pelas forças policiais onde foram discutidos procedimentos que deveriam ser reforçados durante a execução de abordagens ao público que vive em situação de rua.

A capacitação da polícia para lidar com públicos vulneráveis e a criação e fomento do Procedimento de Operacional Padrão (POP), documento criado inclusive com o apoio de representantes dos movimentos da população de rua, também foi debatido na ocasião, para que servisse de referência para novos cursos de capacitação para o efetivo da corporação.

Um novo encontro para continuar o debate sobre o tema estava marcado para acontecer no mesmo dia da abordagem em Jaraguá, mas a reportagem não conseguiu confirmar se ele chegou a acontecer.

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