Reviravolta pode inocentar enfermeira condenada à prisão perpétua por matar bebês

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Em 2023, uma enfermeira britânica foi condenada à prisão perpétua pelo assassinato de sete bebês recém-nascidos, mesmo jurando inocência. Agora, uma reviravolta no caso pode inocentá-la das acusações. Os detalhes desta história foram destacados no Fantástico deste domingo (23).

A CONDENAÇÃO

Entre 2015 e 2016, sete recém-nascidos morreram no Hospital Countess of Chester, na Inglaterra, e outros seis sofreram danos graves. Todas as vítimas estavam sob os cuidados de uma enfermeira neonatal, Lucy Letby, que foi apontada como responsável pelos ataques.

A acusação alegou que ela atacou principalmente bebês prematuros. A promotoria apontou envenenamento por insulina, traumas na garganta e, na maioria dos casos, injeção de ar nas veias dos recém-nascidos. Ao vasculhar a casa dela, em 2018, agentes encontraram documentos confidenciais de pacientes e pesquisas online sobre os pais das pequenas vítimas.

Em 2023, Lucy foi sentenciada a 15 penas de prisão perpétua, sem direito a recurso.

“Você agiu de uma forma completamente contrária aos instintos humanos normais de nutrir e cuidar de bebês e em violação grosseira da confiança que todos os cidadãos depositam naqueles que trabalham nas profissões médicas”, afirmou o juiz Sir James Goss ao ler a sentença.

PROVAS CONTESTADAS POR ESPECIALISTAS

Desde o julgamento, especialistas sem ligação com a acusada começaram a contestar as evidências médicas usadas para condenar Lucy Letby, que sempre alegou inocência. Alguns notaram a falta de confiabilidade dos testes usados como provas de envenenamento por insulina, por exemplo.

Além disso, relatórios de risco do hospital que vazaram para a rede britânica BBC, ainda no curso do processo, mostraram que uma bactéria altamente perigosa para bebês prematuros estava presente em torneiras da unidade neonatal no início de 2015.

E, em fevereiro de 2016, uma avaliação independente alertou que, além da falta crônica de pessoal, a unidade não tinha espaço nem recursos para cuidar de bebês que exigiam controle rigoroso de infecção.

“Simplesmente não há evidências diretas, tudo neste caso é circunstancial. Ninguém nunca viu a Lucy fazendo mal a nenhum bebê”, diz o advogado de defesa Mark Mcdonald.

Ainda de acordo com o advogado, a principal testemunha técnica da promotoria foi um pediatra aposentado havia quinze anos.

O médico neonatal Shoo Lee, professor no Canadá, reuniu um grupo de especialistas de setes países diferentes para analisar o caso de forma imparcial.

“Não estávamos lá para defender nem acusar… apenas apurar a verdade médica”, afirmou Lee.

Em fevereiro em londres, Lee apresentou as conclusões do painel.

“Em todos os casos, morte ou ferimentos foram devido a causas naturais ou cuidados médicos ruins… Na nossa opinião médica, as evidências não apoiam o assassinato desses bebês.”

E AGORA?

A promotoria insiste que dois júris e três juízes do tribunal de apelação analisaram uma infinidade de diferentes evidências contra Lucy e ela foi condenada por 15 acusações distintas.

Mas, depois das descobertas do painel de médicos, a defesa da enfermeira voltou a pedir uma revisão do caso. E a polícia, que ainda está investigando se a enfermeira matou outros bebês, expandiu seu inquérito para um possível homicídio culposo por negligência grave do hospital.

Essa semana, a responsável pelo inquérito público falou em falha total de proteção em todos os níveis e rejeitou os pedidos dos executivos do hospital para interromper a investigação. O relatório final deve ser apresentado em novembro.

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