MPAL sustentará a tese de homicídio triplamente qualificado contra acusados de matar Roberta Dias

Mary Jane Araújo Santos e Karlo Bruno Pereira Tavares serão julgados pela morte da estudante, ocorrida em 2012, nos dias 23, 24 e 25 deste mês

Roberta Costa Dias

Roberta Costa Dias

Homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, corrupção de menores e aborto provocado por terceiro. Estes são os crimes pelos quais os acusados da morte da estudante Roberta Costa Dias serão julgados entre os dias 23 e 25 deste mês.

Após 13 anos do cometimento do crime, Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho”, e Mary Jane Araújo Santos sentarão no banco dos réus da 4ª Vara da Comarca de Penedo, em júri popular conduzido pelo juiz Lucas Dória. Ambos são acusados das autorias material e intelectual do delito.

Veja também: Caso Roberta Dias: acusados de assassinar jovem vão a Júri Popular

Representando o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) no papel da acusação, estará o promotor de Justiça Sitael Jones Lemos, da 4ª Promotoria de Justiça de Penedo, o mesmo autor da denúncia ajuizada em 2018.

A acusação do MPAL

Os dois réus foram denunciados por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe (mãe e filho não aceitavam a gravidez e planejaram o assassinato), meio cruel (morte por asfixia) e sem chance de defesa à vítima, além de aborto provocado por terceiro, que ocorre quando há perda do feto provocada por outra pessoa, que não a genitora. Eles também respondem pelos crimes de ocultação de cadáver e corrupção de menores, uma vez que envolveram Saullo, o adolescente infrator, na trama.

Como, à época do fato, Saullo era menor de idade, ele não foi denunciado, tendo sido representado na Vara da Infância e da Juventude.

Para Sitael Jones Lemos, a materialidade e a autoria dos crimes estão nas mais de 4,7 mil páginas que compõem o processo, tendo reunido todas as evidências e conjunto de provas necessários para levar a condenação dos dois denunciados.

“Os autos mostram que a Roberta foi atraída por Saullo, namorado dele à época, ao local do seu desaparecimento, nas proximidades do posto de saúde onde a vítima tinha ido para consulta de pré-natal, uma vez que estava no 3º mês de gestação. Ele estava em um veículo Gol, de cor preta, que escondia no porta-malas o outro criminoso, o Karlo, responsável por enforcar a Roberta com um fio. O assassinato foi premeditado e contou com a participação tanto de Mary Jane Araújo Santos, mãe de Saullo, quanto do próprio adolescente infrator, filho dela. Eles não aceitavam a gravidez e, diante da negativa da vítima em fazer um aborto, resolveram assassinar mãe e o feto”, argumentou o membro do Ministério Público.

Ainda conforme a ação penal proposta pelo MPAL, Mary Jane teria procurado Roberta nos dias anteriores a data do seu desaparecimento para convencê-la a provocar o aborto, o que foi descartado pela vítima. Informada com a negativa, a mãe de Saullo decidira colocar o plano criminoso em prática, contratando Karlo Bruno para a autoria material. Roberta foi asfixiada com um fio de som automotivo, e Saullo estava na cena do homicídio.

“Assim, revoltada, ela contratou Karlo Bruno para executar o homicídio. Roberta foi asfixiada com um fio de som automotivo, na presença de Saullo de Thasso Araújo dos Santos – filho de Mary Jane – com quem manteve um relacionamento amoroso e de quem estava grávida de três meses”, detalha a ação penal.

17 testemunhas

No primeiro dia do júri (23), que começará sempre às 9h, serão ouvidas as oito testemunhas de acusação arroladas pelo MPAL. Em seguida, dia 24, será a vez dos depoimentos das testemunhas de defesa e, na sequência, o interrogatório dos réus.

Os debates entre o promotor Sitael Jones Lemos e os advogados de Karlo Bruno e Mary Jane ocorrerão no dia 25. Acusação e defesa terão, cada um, duas horas e meia e fala, com a possibilidade de irem à réplica e tréplica.

O caso

Roberta Costa Dias desapareceu em 11 de abril de 2012, quando tinha 18 anos. O motivo do crime seria a  criança que estava esperando do filho de Mary Jane. Saullo, com quem Roberta teve um relacionamento,  tinha 17 anos e a gravidez era indesejada por sua família. Ele e a mãe teriam atraído a vítima para uma rua nas proximidades do posto de saúde na cidade de Penedo, onde a jovem faria exame pré-natal.

A família da menina chegou a oferecer recompensa de R$ 5 mil para quem fornecesse informações que levassem ao seu paradeiro, mas seus restos mortais só foram localizados em 2021, nove anos após o crime, na Praia do Pontal do Peba, na cidade de Piaçabuçu.

Foi a mãe dela que, após saber que um crânio foi localizado naquela região, providenciou uma escavadeira para recolher os restos mortais da filha. Pouco depois, a polícia foi chamada e acionou a Perícia Oficial, que comprovou, após realização de exame, que se tratava, de fato, de Roberta Dias.

Após o desaparecimento de Roberta Dias, seu pai e seu avô também foram executados. A polícia nunca estabeleceu se os crimes estavam relacionados. A sogra da vítima foi apontada como autora intelectual do crime, chegou a ser presa, mas foi posta em liberdade posteriormente. 

Matéria relacionada ao processo de número 0000820-21.2012.8.02.0049.

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