Após passar uma noite de terror, a adolescente de 12 anos, que foi vítima de violência física e abuso sexual, contou, após ser resgatada, que precisou usar de alguns artifícios para conseguir se livrar das agressões cometidas por um amigo da família, de 51 anos, durante o sequestro ocorrido na noite de domingo, 27.
Aos parentes, a menina relatou que só conseguiu sair do local onde estava sendo mantida após realizar uma série de promessas ao acusado. “Ela é uma menina de 12 anos. Está extremamente abalada, com marcas de corda no pescoço, mãos mordidas. Ela disse que o acusado a ameaçava matar caso não fizesse o que ele queria. Quando estava amanhecendo, ela teve a ideia de dizer que casaria com ele, fugiria com ele e que o amava, mas precisava ir em casa para avisar a mãe e buscar roupas para fugir com ele. Ele com a ânsia toda de conseguir o que queria, acreditou. Então ele saiu na rua com ela rasgada e suja e ainda pediu para que ela dissesse a quem encontrasse na rua que alguém tinha tentado bater nela e ele não tava deixando. No meio do trajeto, a gente a encontrou”, contou o padrasto da adolescente em entrevista à TV Pajuçara.
ACOMPANHE AS NOTÍCIAS DE ALAGOAS NO INSTAGRAM
Em depoimento, a menor relatou ainda que o suspeito era conhecido da família e resolveu o acompanhar após a promessa da compra de um bolo. No entanto, o acusado a arrastou a um matagal, a enforcou com uma corda até a adolescente desfalecer.
Ela disse ainda que não sabe como fraturou o braço já que ficou desacordada por um tempo e entrou em luta corporal com o acusado ao retomar os sentidos.
Após ser localizada, a menina passou a receber apoio da Rede de Proteção à Violência no Hospital da Mulher. Ela também foi submetida a exames para confirmar se foi vítima de abuso sexual.
O acusado segue preso. Ele passará nesta terça-feira, 29, por audiência de custódia e deverá ser encaminhado ao Sistema Prisional de Alagoas.
Caso será acompanhado pelo MPE
O Ministério Público Estadual informou que o caso será acompanhado de perto pelo promotor de Justiça, Magno Moura. Ele adotará todas as medidas cabíveis assim que o inquérito for concluído, entre elas a oferta de denúncia contra o suspeito que se encontra preso.
Vale lembrar que, apesar do que diz o artigo 217 do Código Penal, a cultura do estupro tem elevado os dados estatísticos no Brasil e no estado nos últimos anos. Para Magno Moura é preciso um combate ferrenho e diário, bem como a busca por justiça para vítimas indefesas e que têm a infância marcada por tal crueldade. O promotor afirma que confirmada a tentativa de homicídio pedirá o agravamento da pena.
“O Ministério Público foi surpreendido, na manhã desta segunda-feira, com esse crime hediondo vitimando uma criança em Satuba. Tomaremos todas as medidas, inclusive mantivemos contato com a Polícia Civil para que o caso seja priorizado, pois é algo extremamente grave que compromete a ordem pública, causa clamor público por tamanha violência, situação que o Ministério Público não tolera, a sociedade também não. Assim que o inquérito policial nos for concluído e recebido pela Promotoria de Justiça de Satuba, analisaremos, e em seguida ofertaremos a denúncia por estupro de vulnerável, que significa ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso, que tem pena entre 08 a 15 anos de reclusão, além disso, sendo comprovada a narrativa da vítima de que foi brutalmente atingida, inclusive com fratura do braço, a pena poderá se agravar em razão da lesão corporal de natureza grave, que tem pena de 10 a 20 anos, e sendo o caso de tentativa de homicídio, buscaremos o enquadramento que se dar como resultado pena de reclusão entre 12 a 30 anos ”, enfatiza o promotor.
Para Magno Moura, todo o empenho será para que haja Justiça diante de brutal violência contra pessoa vulnerável, em razão da idade, tremenda desumanidade que teria culminado, além do estupro consumado, com forte agressão que levou a criança/adolescente a uma fratura exposta no braço, revela o perigo que o autor do fato representa para a sociedade.
“Pode-se considerar uma monstruosidade, no contexto do nosso mister estaremos constantemente debruçados no combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes. É preciso acabar com essa violência, com essa gana de pedófilos que atenta contra a situação de vulnerabilidade de adolescentes menores de 14 anos”, diz o Promotor de Justiça de Satuba.