Após coletiva de imprensa na sede da Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP-AL), no Centro de Maceió, nesta segunda-feira, 5, a Polícia Civil de Alagoas (PCAL) confirmou que iniciará uma nova fase na investigação da morte de Ana Beatriz Moura, adolescente de 15 anos cujo corpo foi encontrado no último sábado (3), em uma chácara no bairro de Guaxuma. A jovem estava desaparecida desde 8 de abril.
Suspeito deverá prestar novo depoimento
Após confirmar que o corpo da jovem foi localizado em uma fossa no quintal da chácara, coberta por camadas de terra e concreto, o que dificultou o trabalho dos cães farejadores utilizados nas buscas, a delegada Talita Aquino, titular da Delegacia de Combate aos Crimes contra Criança e Adolescente (DCCCA) e responsável pelo inquérito, informou que o principal suspeito — um homem de 43 anos, casado e pai de três filhos — deverá prestar um novo depoimento nos próximos dias. Ele está preso desde 12 de abril.
“Agora que o corpo foi localizado, vamos realizar novo interrogatório com o suspeito e concluir diligências pendentes. Acreditamos que o crime foi premeditado. Há indícios de que ele planejou a morte de Ana Beatriz, e já representamos pela prisão preventiva dele”, afirmou a delegada.
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A principal linha de investigação aponta que o crime pode ter sido motivado por um suposto anúncio de gravidez feito pela adolescente ao suspeito. No entanto, exames realizados pelo Instituto Médico Legal (IML) já descartaram a gestação.
“A vítima pode ter simulado uma gravidez. Acreditamos que, ao ouvir isso, o suspeito entrou em pânico e cometeu o crime”, completou Talita Aquino.
Esposa do suspeito não é considerada cúmplice
Durante a coletiva, a delegada também esclareceu que, até o momento, não há indícios de envolvimento da esposa do suspeito no crime. “Se ela soubesse do relacionamento, é possível que houvesse algum tipo de conflito, mas nada indica sua participação”, declarou.
Entretanto, a polícia não descarta o envolvimento de outras pessoas, principalmente na ocultação do cadáver, dada a complexidade da operação que escondeu o corpo. “Ainda estamos colhendo depoimentos e tentando contato com a proprietária da chácara”, explicou Talita.
Veja também: Caso Ana Beatriz: falsa gravidez pode ter motivado assassinato de menor
Identificação e causa da morte ainda em apuração
A equipe também esclareceu que o corpo da jovem ainda não foi identificado oficialmente, já que se encontrava em avançado estado de decomposição . A Polícia Científica aguarda os resultados dos exames. Segundo a perita-geral Rosana Coutinho, a identificação será feita preferencialmente por arcada dentária. Caso necessário, será utilizado exame de DNA.
“O corpo estava em estado avançado de decomposição, mas relativamente conservado devido à fossa fria e úmida, o que causou saponificação. Isso impossibilita a identificação por digitais ou traços faciais”, explicou.
A causa da morte ainda está sob investigação. A perícia não encontrou sinais de violência por arma branca ou de fogo. Foram coletadas amostras estomacais para apurar se a adolescente foi vítima de envenenamento ou asfixia.
O resultado dos exames deve ser divulgado até o fim da semana, e a liberação do corpo para a família ocorrerá somente após a confirmação científica da identidade. Enquanto isso, a Polícia Civil segue trabalhando para esclarecer todos os detalhes do caso que chocou a capital alagoana.
Familiares disseram à imprensa que, assim que for possível, o sepultamento da jovem deverá acontecer na cidade de Porto Calvo, no interior do estado.
Sobre o caso
Ana Beatriz desapareceu no dia 8 de abril após sair do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), no Centro de Maceió. A jovem teria como destino o bairro de Garça Torta, no Litoral Norte da capital. As primeiras buscas concentraram-se na região, mas inicialmente não revelaram nada.
No sábado, 12, em apoio à polícia judiciária alagoana, os bombeiros iniciaram as buscas. No domingo, 13, as buscas foram suspensas temporariamente para a emissão de um mandado de segurança, uma vez que as buscas se estenderam por uma propriedade privada. Mesmo com as atividades de buscas durante todo o dia, a menor não foi localizada.
Durante as buscas, houve a apreensão de uma peça de roupa que seria da estudante Ana Beatriz. Além disso, as autoridades também apreenderam dois celulares na casa do principal suspeito de envolvimento no desaparecimento da adolescente, um homem de 43 anos, que foi preso.
De acordo com relatos, Ana Beatriz teria trabalhado como babá para parentes dele. Testemunhas afirmam que o homem financiou a viagem da adolescente até o local onde ela teria desaparecido.
Desde o dia 17 de abril as buscas foram retomadas sob a coordenação da delegada Maíra Balby. A polícia também rastreou a movimentação financeira da vítima e descobriu que Ana Beatriz teria recebido um Pix pouco antes do desaparecimento. O valor foi decisivo para localizar o trajeto feito por ela até a região norte da cidade, por meio de um mototaxista.
Protestos foram realizados, mais de uma vez, com a intenção de chamar a atenção das autoridades e sociedade para o caso.
Na terça-feira (29) uma comissão especial – formada por cinco delegados – foi instituída pela Polícia Civil de Alagoas para aprofundar as investigações sobre o desaparecimento da adolescente. Participam as delegadas Talita Aquino, titular da Delegacia de Combate aos Crimes contra Criança e Adolescente (DCCCA) e delegada adjunta Maira Balby Delegada Bárbara Arraes, coordenadora da Área da Infância e Juventude da Polícia Civil, delegada Tacyane Ribeiro, coordenadora da DHPP e o delegado Sidney Tenório, diretor da DPJ-1 (Diretoria de Polícia Judiciária 1).
Quase um mês após o desaparecimento, um corpo, que seria de Ana Beatriz, foi localizado em uma fossa na região norte de Alagoas. Em coletiva de imprensa, a Polícia Civil informou que a motivação do crime teria sido uma falsa gravidez da adolescente.