Rico Melquiades nega uso de contas demo em divulgação de apostas online durante depoimento na CPI das Bets

O influenciador digital alagoano Rico Melquiades prestou depoimento nesta quarta-feira (14) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, no Senado, e negou ter utilizado “contas demo” — ferramentas que simulam ganhos fictícios — para promover plataformas de apostas esportivas em suas redes sociais.

“Sei o que é uma ‘conta demo’, não vou ser hipócrita, mas nunca utilizei. A ‘conta demo’ é uma coisa ilustrativa, que você divulga mostrando o jogo, mas é uma conta real, que você divulga mostrando o jogo. Não é uma conta que não existe. É uma conta real. Porém, é o pessoal que contrata que manda login e senha”, afirmou o influenciador.

 

Durante a oitiva, o influenciador confirmou a existência de contratos publicitários com casas de apostas, mas negou qualquer vínculo com empresas consideradas irregulares. Ele também afirmou que seus ganhos não estão ligados ao desempenho dos usuários e alegou que não recebe ganhos extras com o aumento das perdas de apostadores.

Convocado a depor como testemunha, Rico Melquiades chegou por volta das 10h30 ao Senado. O depoimento começou às 11h55.

“Gostaria de agradecer a chance de estar aqui hoje e me explicar à CPI. Fui chamado pela Operação Game Over 2, que está investigando influenciadores. Desde já, preciso deixar claro que tudo que corre nesta investigação tramita sob sigilo judicial. Isso não tem nada a ver com a falta de vontade de colaborar ou esconder informações desta comissão. É uma questão legal. Nunca tive envolvimento direto com as empresas, além dos contratos de publicidade”, acrescentou Rico Melquiades.

Ele foi convocado pela CPI das Bets do Senado para dar esclarecimentos a respeito dos contratos e de trabalhos de influenciadores para promover casas de apostas e jogos de azar online.

Ainda na CPI, o influenciador disse não ter noção do impacto das divulgações que faz na vida das pessoas e no vício em apostas. E também afirmou não ter conhecimento de algum seguidor que tenha desenvolvido compulsão por apostas.

“Sempre falo que se trata de um jogo, que ou você ganha ou perde. Nem sempre você vai ganhar. Sempre falo: ‘Jogue com cautela’. Nunca mostro ganhos exorbitantes e grandes. Nunca falo que você vai ter mansões nem carros, porque isso é impossível”, declarou.

 

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Cláusula da ‘desgraça alheia’

 

A CPI apura a existência de cláusulas nos contratos dos influenciadores que garantem a eles um bônus sobre as perdas de apostadores.

Nesta terça (13), a influenciadora Virginia Fonseca foi ouvida pelo colegiado e também negou que haja, nos acordos firmados com bets, uma suposta “cláusula da desgraça alheia”.

Ela afirmou, porém, que havia previsão de um bônus contratual caso ela dobrasse os lucros da casa de apostas.

Rico Melquiades, por sua vez, disse que recebia um valor fixo da empresa Blaze e que não há previsão de ganhos extras com a elevação das perdas dos apostadores.

“Eu tinha um contrato com a Blaze de um valor fixo. Eu ganhava aquele valor fixo. Se você entrasse, ou não entrassem, se jogassem ou não jogassem, se não fosse ninguém, eu ia ganhar aquele valor fixo. Nunca ganhei por perdas ou ganhos de outras pessoas. Tenho um valor fixo”, declarou.

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Assim como Virginia, no depoimento desta quarta, Rico Melquiades tem o direito a ficar em silêncio em perguntas que possam incriminá-lo.

Ele recorreu a esse direito diante de algumas perguntas dos senadores, como quando foi questionado sobre o valor que recebe com a divulgação das casas de apostas.

O influenciador está amparado em uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), da última terça.

A CPI das Bets foi criada para investigar possíveis irregularidades envolvendo o mercado de apostas esportivas no país, com foco especial na participação de influenciadores digitais na divulgação dessas plataformas. Uma das principais preocupações dos parlamentares é o uso de contas demo, prática que pode iludir os usuários ao simular lucros fáceis, incentivando a adesão ao jogo e aumentando o risco de vício em apostas.

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