Em entrevista coletiva, realizada no final da manhã desta sexta-feira, 16, o delegado João Paulo Canuto, que investiga o quintúplo homicídio ocorrido no dia de ontem (15), em Estrela de Alagoas, revelou detalhes sobre o inquérito policial. Um dos fatos informados por ele é de que este não é o primeiro crime cometido pelo suspeito.
Segundo o delegado, o homem, preso nas primeiras horas da manhã de hoje, após denúncia anônima feita ao Disque Denúncia 181, confessou a chacina e disse que o crime foi motivado por ciúmes de sua companheira, irmã da dona da casa e uma das vítimas mortas. Ele contou que havia pedido para a mulher não voltar ao local pois não gostava das pessoas daquele grupo. Esta informação é conflitante com o relato de testemunhas que contam que o casal costumava frequentar o local para costumeiras bebedeiras.
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A investigação apontou ainda que ele tinha um ciúme exagerado da companheira, principalmente em relação a um dos homens mortos, que era também primo dela e que já havia sido ameaçado por ele anteriormente. Foi também o ciúme que teria ocasionado uma tentativa de feminicídio contra a mulher, em maio de 2024, quando ela foi esfaqueada na perna por ele. Contudo, mesmo com a formalização da queixa, eles retomaram o relacionamento.
Durante o interrogatório, o homem alegou ainda que se escondeu no mato durante toda a noite e andou a esmo, até ser capturado nas proximidades da Serra das Pias, indo em direção ao estado de Pernambuco. Ele contou que seu objetivo era achar um advogado e depois se apresentar às autoridades.
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O homem ainda tentou justificar o crime como legítima defesa. Ele disse que sua esposa ligou para que ele fosse buscá-lo, mas ao chegar ele teria sido atacado por todo o grupo e ferido com uma faca e que só depois disso partiu para cima das vítimas, vindo a matá-las. O delegado, no entanto, é catagórico ao dizer que a versão não faz sentido.
O homem de fato tinha um ferimento na perna, mas inicialmente a investigação aponta para o fato de que algumas das vítimas terem sido surpreendidas enquanto dormiam, visto que estavam em camas ou colchões, enquanto as outras estariam embriagadas de mais para manter um embate justo com o agressor. Eles estariam bebendo no local desde a noite da quarta-feira (14). A dinâmica dos fatos, porém, só poderão ser estabelecidas pela Polícia Científica.
“Ele admitiu ter praticado os homicídios, mas alegou a tese de que teria sido em legítima defesa. Disse que quando chegou lá para pegar a mulher dele, que tinha ligado para ele, um dos homens não gostou e teria dado uma facada nele, e ele teria revidado. Mas essa tese, convenhamos, não tem a mínima sustentação dos fatos. Ele disse que todos que estavam na residência se juntaram para atacá-lo. Contudo, a disposição dos corpos das vítimas mostra o contrário. Três homens estavam em um quarto, um estava em outro cômodo e uma mulher estava próxima à cozinha, em outro local da casa. O que desmantela qualquer tese de legítima defesa por parte do autor”, explicou o delegado.
Enquanto a arma do crime, o autor teria contado que usou um punhal e se desfez dele, sem especificar como. Nem esta arma, nem a faca usada por um das vítimas foram encontradas até o momento.
O autor teria afrimado também que a companheira estava no local no momento do crime, mas que saiu correndo em direção a casa de parentes para pedir ajuda. A mulher, no entanto, disse que havia saído e quando chegou se deparou com todos mortos e então correu tentando conseguir socorro.
“Não há dúvidas quanto a autoria e a motivação. E por isso, já estamos protocolando o pedido de prisão preventiva contra ele. Ele vai responder por cinco homicídios e os agravantes serão apurados.A pena pode ultrapassar os 150 anos de prisão. Espero que ele fique muito tempo preso e não volte mais ao convívio da sociedade”, afirmou Canuto.
Participaram também da coletiva o delegado Sidney Tenório; o comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Carlos Alberto; o secretário executivo de Políticas da SSP, Patrick Madeiro; o secretário executivo de Gestão Interna, Jairison Melo; o comandante-geral da Polícia Militar de Alagoas, coronel Paulo Amorim; a perita-geral da Polícia Científica, Rosana Coutinho; o perito criminal Clisney Omena; a delegada Talita Aquino; além do secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva.
Sobre o caso
Na tarde de quinta-feira, 15 de maio, cinco corpos foram encontrados em uma residência no Sítio Lagoa dos Porcos, em Estrela das Alagoas. As vítimas, quatro homens e uma mulher, apresentavam ferimentos causados por arma branca.
O crime parece ter sido motivado por ciúmes, após uma discussão relacionada ao consumo de álcool entre as vítimas, que eram conhecidas e costumavam se reunir para beber.
O autor do crime foi identificado como Cicinho Silva. Ele teria enviado mensagens ameaçadoras à filha de sua companheira, expressando descontentamento com a presença dela no grupo.
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Vídeo: Cinco corpos são encontrados dentro de imóvel em Estrela de Alagoas
A Polícia Civil informou, no final da
Cicinho Silva foi preso na manhã de 16 de maio, após denúncias recebidas. Ele havia fugido em uma motocicleta após o crime e foi localizado nas proximidades de Palmeira dos Índios.
As vítimas foram identificadas como José Rodrigues Machado Filho, de 73 anos; Lice Souza da Silva, de 53 anos; Maria Elizete do Carmo, de 56 anos; João José da Silva, de 56 anos; e José Carlos da Silva, de 53 anos.
