O aguardado júri popular dos três PMs e uma ex-policial pela morte do adolescente Davi da Silva, de 17 anos, ocorrido em agosto de 2014, que estava marcado para a próxima segunda-feira (13), foi suspenso por decisão liminar da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL). A informação foi confirmada nesta sexta-feira (10) pelo Ministério Público de Alagoas (MPAL).
Segundo a assessoria do MPAL, o promotor de Justiça Thiago Riff, responsável pela acusação no caso, repassou a informação de que a suspensão foi comunicada oficialmente pelo juiz que presidiria o julgamento, sem que outros detalhes sobre a fundamentação da decisão fosse divulgados.
O júri seria realizado no Fórum Jairon Maia Fernandes, no bairro Barro Duro, em Maceió, a partir das 7h30. O caso voltou a chamar atenção da opinião pública pela gravidade das acusações e pelo tempo decorrido desde o desaparecimento da vítima.
Onze anos de espera
Davi foi visto pela última vez durante uma abordagem de policiais militares do Batalhão de Radiopatrulha (BPRp), no Conjunto Cidade Sorriso I, no Complexo Benedito Bentes. De acordo com o Ministério Público de Alagoas (MPAL), o jovem foi brutalmente torturado dentro da viatura, e seu corpo nunca foi encontrado.
Os quatro réus — três policiais militares da ativa à época e uma ex-PM — respondem por tortura, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A denúncia, apresentada pela 59ª Promotoria de Justiça da Capital ainda em 2015, sustenta que todos os acusados atuaram de forma conjunta na agressão e desaparecimento de Davi.
Uma testemunha-chave do caso, Raniel Victor, amigo da vítima e que presenciou a abordagem policial, foi assassinado dois anos depois, em 2016, com sinais de extrema violência. Seu depoimento foi fundamental para sustentar a versão de que Davi foi levado pelos militares após ser flagrado com pequena quantidade de maconha.
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Segundo os autos do processo, os policiais tentavam obter informações sobre um suposto traficante conhecido como “Neguinho das Bicicletas”. Durante a abordagem, Davi teria sido algemado, colocado na mala da viatura e espancado, inclusive com agressões em órgãos genitais. Ele sofria de dificuldades na fala, o que pode ter contribuído para a brutalidade dos interrogatórios, conforme aponta o MP.
A família do jovem vive há mais de uma década sem respostas definitivas. Em 2015, um corpo chegou a ser identificado como sendo de Davi, mas exames cadavéricos da Perícia Oficial descartaram a possibilidade.
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