Uma criança autista, de 7 anos, foi agredida por uma terapeuta ocupacional durante uma sessão em uma clínica de reabilitação em Maceió, no dia 17 de setembro. O caso foi denunciado pela mãe do menino após ela ter acesso às imagens das câmeras de segurança, que registraram a profissional puxando os cabelos da criança diversas vezes enquanto ele gritava por ajuda.
Segundo o relato da mãe, o filho — diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) suporte 2 — contou, ao sair da terapia, que a “tia” havia sido má com ele. “Ele disse que ela puxou os cabelos dele várias vezes e que chorou muito”, afirmou.
No dia seguinte, a mãe solicitou à direção da clínica as filmagens da sala de atendimento. Em 19 de setembro, assistiu, acompanhada de uma psicóloga, a um vídeo de cerca de seis minutos mostrando as agressões.
ACOMPANHE O ALAGOAS 24 HORAS NO INSTAGRAM
“Ele tentava sair e ela puxava de um lado, soltava e puxava do outro. Foram vários puxões. Ele gritava me socorre, me ajuda”, falou a mãe, que disse ter ouvido os gritos no dia em que o caso ocorreu, mas a recepcionista foi lá e a informação da terapeuta foi que o menino havia puxado os cabelos dela, mas que já estava tudo resolvido.
Após o episódio, a profissional de TO foi afastada da clínica. A mãe da criança denunciou o caso, por e-mail, junto ao Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito). Também fez o registro de um Boletim de Ocorrência junto à Polícia Civil. O caso está sendo investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente.
As imagens que comprovam a agressão sofrida pela criança já foram encaminhadas para a delegada que investiga o caso.
Após o episódio o garoto passou a ter pesadelos e apresentou regressão na escola. Também foi preciso traçar outro plano terapêutico com o objetivo de restaurar o vínculo dele com a clínica – onde ele é acompanhado há quase três anos – e os terapeutas, de forma que ele possa se sentir confiante e voltar a aceitar a terapia, tão necessária para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Já a mãe ficou sem dormir por mais de uma semana e foi afastada do trabalho por estresse pós-traumático.
Suporte da OAB/AL
Na última sexta-feira (31) a mãe da criança esteve na sede da OAB/AL, em Jacarecica, acompanhada do advogado, Marcelo Madeiro, e relatou como tudo ocorreu.
De acordo com o presidente da OAB/AL, Vagner Paes, a Ordem estará acompanhando o caso para cobrar as medidas cabíveis. “Não vamos permitir que esses casos aconteçam e iremos adotar medidas rigorosas para que sejam apurados esses fatos e os responsáveis sejam devidamente processados na forma da lei, assegurando a ampla defesa e o contraditório”, afirmou.
O advogado Marcelo Madeiro, que acompanha a vítima, agradeceu pelo apoio da OAB/AL no sentido de buscar mais celeridade na solução do caso. “Viemos pedir a ajuda da instituição, que sempre nos recebeu de portas abertas, para que realmente tenhamos uma celeridade maior pela delegacia, pelo MP e pelas autoridades”, falou.
