Nomes engraçados e com duplo sentido impulsionam blocos no Rio

Divulgação/ Enxota que eu vouO trocadilho de 'Enxota que eu vou' surgiu de brincadeira entre amigos

O trocadilho de ‘Enxota que eu vou’ surgiu de brincadeira entre amigos

Muitos blocos de rua do Rio de Janeiro fazem questão de esbanjar bom humor até no nome. Entre os que desfilarão oficialmente na cidade durante o carnaval, alguns chamam a atenção de quem passa os olhos pela lista. Em tempos de carnaval, o duplo sentido dá um porre no politicamente correto. Mas todo batismo tem sua explicação, garantem os fundadores.

Os advogados Daniel Oliveira e Léo Madeira estão entre os criadores, há cinco anos, do Enxota que Eu Vou, bloco-trocadilho que desfila no dia 17 de fevereiro, na Praça Tiradentes. O nome do grupo formado pela reunião de integrantes de vários blocos antigos e de amantes do samba, surgiu de uma brincadeira entre amigos.

"A gente gostava de batucar, mas toda vez que a gente tocava em um lugar as pessoas brigavam com a gente, nos enxotavam por causa do barulho”, afirma Daniel, atual presidente do bloco.

A alcunha ideal surgiu quando os integrantes fizeram troça de um problema conjugal. “O nome surgiu a partir de uma brincadeira com um amigo do grupo, que tinha brigado com a mulher e acabou sendo adotado por conta da irreverência”, complementa Léo.

E é justamente com irreverência que o bloco combate a caretice no evento. “Achávamos que o carnaval do Rio estava ficando uma festa muito burocrática, que não condiz com a festa, que é lugar de alegria, de diversão”, provoca Daniel Oliveira.

Segundo Léo Madeira, a preservação é um dos objetivos do bloco. “A gente preza muito pela preservação da tradição do carnaval de rua carioca. Essa é uma das nossas bandeiras. Mesmo estando antenados na evolução, de que as coisas mudam. É uma festa democrática, popular, espontânea e irreverente”.

Trocadilhos
A servidora Bianca Lopes fundou com amigos o Mostra o Fundo Que Eu Libero o Benefício”, formado por funcionários do Rioprevidência, o fundo de previdência dos funcionários do estado do Rio de Janeiro.
O nome do grupo, que também completa cinco anos em 2015, surgiu da brincadeira com um amigo. “Sempre fomos muito animados e decidimos fundar um bloco. Este amigo falou que tinha que ter fundo no nome. Depois de algumas tentativas chegamos a ‘Mostra o fundo que eu libero o benefício’”, explica Bianca.

Segundo ela, o nome foi visto com ressalva. “No começo, a instituição viu com certo cuidado, ficaram preocupados com a imagem. Até que a própria comunicação interna passou a apoiar. Mas eles viram que o bloco estava tomando uma proporção grande e que agrega valor para o Rioprevidência”.

Popularização
O bloco desfilará no dia 12 de fevereiro, às 19h, na Rua da Quitanda, na esquina com a Rua da Alfândega. Bianca afirma que o nome ajudou a popularizar o desfile. “O bloco ganhou espaço. Até mesmo por causa do nome ganhou proporções maiores. E acabou meio se descaracterizando porque recebe a maioria de gente de fora. Mas a diretoria ainda é de servidores”.

Outros blocos de categorias profissionais também abusam do bom humor, como Imprensa que eu Gamo, Te Vejo por Dentro, Sou da Radiologia e Vaca Atolada dos Embaixadores.

Lugares do Rio inspiram
O comerciante Waldir Paim é vice-presidente do bloco Pinto Sarado há nove anos. O nome foi escolhido em votação pela comunidade do Morro do Pinto, no Santo Cristo, na Zona Portuária.

“O ‘sarado’ é por causa da Rua Sara e porque, há alguns anos, ela tem uma academia e, aí, ficou toda ‘sarada’. Aí fizemos um
pinto ‘bombado’, que é o símbolo do bloco. Um grupo deu vários nomes e foi selecionando, depois fizeram uma votação entre três e esse acabou agradando todo mundo”, conta Waldir.

Para o vice-presidente, o nome ajuda a popularizá-lo no Rio de Janeiro. Tanto que o bloco vende cerca de 1,3 mil camisas por ano. “O nome do bloco chama a atenção. Várias pessoas que passam aqui e vem visitar a Zona Portuária compram a camiseta do bloco para encarnar nos outros. O pessoal da terceira idade compra para falar que está ‘interaço’. Mas tem gente que compra para brincar com a sogra, com a cunhada. Há também muitos colecionadores de camisas de blocos”.

Assim como o Pinto Sarado, outros nomes curiosos chamam a atenção por fazerem referências bem humoradas aos bairros onde desfilam, como o Eu Choro Mas Rio Comprido, o Perereca Imperial, de São Cristóvão; o Balança Meu Catete e o Vai Tomar no Grajaú.

Há ainda os que fazem referências a canções, jogos de videogame e outros itens da cultura popular, como é o caso do Vestiu uma Camisinha Listrada e Saiu por Aí, Super Mario Bloco, Thriller Elétrico e Meu Face no Teu Book.

E a lista não para por aí. Até a "goPobre" entrou na brincadeira, no Segura no Meu Pau de Selfie e Balança”. E a lista continua: Xupa Mas Não Baba, Rola Preguiçosa Tarda Mas Não Falha, Senta que eu Empurro, Pinta Mas Não Borra, Apertado Mas Entra, Melhor Ser Bêbado do Que Ser Corno”, É Mole, Mas Estica!, Parei de Mentir, Não de Beber, Virilha de Minhoca e Deixa a Língua no Varal.

Fonte: G1

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