Incra assenta mais de cem famílias no sertão alagoano

AssessoriaTrabalhadores rurais comemoram imissão de posse de terra no sertão

Trabalhadores rurais comemoram imissão de posse de terra no sertão

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas realizou hoje a imissão na posse da fazenda Maxixe-Piçarra, em Delmiro Gouveia, no sertão alagoano, distante 300 km de Maceió. São 1,6 mil hectares para o assentamento de 118 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST). As terras pertenciam ao ex-prefeito do município, Luiz Carlos Costa.

Na ocasião, trabalhadores rurais do acampamento Genivaldo Moura, que já ocupam a área há cerca de quatro anos, encenaram uma peça teatral e receberam do chefe da Divisão de Desenvolvimento do Incra, Estevão Oliveira, a escritura da terra, obtida pelo Incra pela modalidade de compra e venda. A partir de agora, as famílias serão selecionadas pelo próprio movimento para ocupar os lotes, e terão início os processos para a liberação de crédito para fomento e infra-estrutura.

Segundo o coordenador estadual do MST, Edir Oliveira, a conquista de Maxixe-Piçarra é um avanço na luta pela reforma agrária. “A constituição diz que quando uma terra é considerada improdutiva, ela tem que ser desapropriada para a reforma agrária. E é isso o que nós queremos: que a lei seja cumprida”, afirmou Edir, em discurso durante a solenidade. “Ao contrário do que muita gente diz, Alagoas é um Estado rico. O povo é que é pobre”, enfatizou, destacando o fato de que apenas duas dúzias de famílias concentram mais de 90% das riquezas do Estado.

Avanços

Segundo Estevão Oliveira, a imissão na posse em Delmiro Gouveia – a segunda do ano no Estado – é uma prova de que está havendo avanço na reforma agrária. No início da semana, o Incra também foi imitido na posse da fazenda Lucena, em Porto de Pedras. Reivindicada pela Comissão Pastoral da Terra, a propriedade era considerada área de conflito.

Após o carnaval, outra área será repassada ao Incra. Cerca de 20 famílias ligadas ao Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) devem ser assentadas na fazenda Provisão, próxima ao Benedito Bentes, em Maceió. “Nós precisamos avançar cada vez mais na reforma agrária e consolidar as conquistas, sem esquecer que, ao contrário de outros estados, 80% da riqueza produzida em alagoas vêm do campo.

Carta

Uma das mais felizes durante a imissão na posse, a acampada Marinalva da Silva, de 66 anos, afirmou estar realizando um sonho de muitos anos. Perdeu o pai aos dez anos de idade, e desde então vem trabalhando na roça, de onde tirou o sustento para criar os filhos. No entanto, nunca conseguiu a própria terra. “Era a coisa que eu mais queria na vida, uma terra pra plantar minha roça e criar minha família”, disse. Uma das filhas dela, que vive em São Paulo, trabalhando como ambulante, já avisou que vai voltar a morar no campo e ajudar a mãe a cuidar da lavoura.

Um outro sonho ela também já começou a realizar. Analfabeta, Marinalva já freqüenta uma escola para jovens e adultos no próprio acampamento. Ela quer aprender a ler e a escrever para mandar uma carta. O destinatário? O próprio presidente da república. O teor da mensagem, no entanto, ela não revela. “Eu tenho vergonha de dizer, porque é uma coisa muito pessoal. Mas eu vou mandar a carta pro Lula, e sei que ele vai me ajudar”, diz confiante.

Fonte: Assessoria

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