Racismo é pauta de encontro em Alagoas

O Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô em parceira com o Núcleo Temático Identidade Negra na Escola (Secretaria Executiva de Educação e Esporte) e o Núcleo de Estudos e Pesquisa de Diversidade Étnico Racial (NEDER – Secretaria Municipal de Educação) realizam amanhã um Encontro de reflexão e debate com o tema "Todos de mãos dadas contra o racismo". A atividade que evidencia o Dia Internacional pela Eliminação do Racismo e os dez anos de Zumbi herói nacional, conta com o apoio da Editora Paulinas e será realizada a partir às 9h no miniauditório da loja localizada no comércio de Maceió.

O objetivo é reunir estudantes, professores e representantes do movimento negro alagoano para refletir sobre a importância desta data e debater sobre os direitos humanos ligados à etnia. Arísia Barros, coordenadora do Núcleo Temático, destacou a importância da parceira com o Anajô, entidade do movimento negro e a reivindicação por políticas públicas favoráveis a causa. "Cabe ao movimento criar estratégias da história negra em Alagoas, instigar e propor políticas públicas para a consolidação dessa temática. E o papel do Estado da terra negra de Zumbi é implementar ações que contemple a diversidade do povo, mas dentro da diversidade tem que trabalhar a desigualdade no Brasil, essa desigualdade tem etnia e é negra", declarou.

A abertura do encontro terá início com a execução do Hino Nacional ao som do berimbau, sob o comando do mestre de capoeira Cláudio de Palmares. Para ilustrar a discussão, será exibido o documentário "Vista minha pele" que aborda a discriminação racial na escola de forma satirizada, o material foi produzido pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) de São Paulo sob a direção de Joel Zito Araújo. E como atração cultural do dia, será executada a performance teatral "Cabaré da raça" pelos alunos da Escola Municipal Zumbi dos Palmares.

Também no encontro de reflexão e debate será apresentado o projeto do Parque Memorial Quilombo dos Palmares pela Patrícia Mourão, coordenadora do Instituto Magna Mater. A inauguração do parque foi adiada, em virtude da solicitação da Fundação Cultural Palmares para compatibilizar as agendas dos Ministros da Cultura e do Turismo. Os militantes do movimento negro e a sociedade civil terão a oportunidade de conhecer melhor e tirar dúvidas sobre a implantação do Parque, além disso, mais informações podem ser adquiridas através do site www.quilombodospalmares.org.br.

História
O Dia Internacional pela Eliminação do Racismo foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em memória ao massacre que ocorreu no 21 de março de 1960, na localidade de Sharpeville, África do Sul. Naquela ocasião, manifestantes protestavam pacificamente contra o regime do Apartheid (pregava a segregação racial na África do Sul), a prisão de líderes e as "leis de passe" (regras que direcionavam a movimentação dos negros nas ruas e ambientes públicos). Porém, o ato foi incompreendido pela polícia sul-africana e resultou na morte de 69 pessoas negras, entre elas 19 crianças e centenas de manifestantes foram feridos.

Segundo Helcias Pereira, Presidente da ONG Anajô, o evento visa contribuir para uma reflexão sobre o que aconteceu naquela época. "A exemplo do Dia da Mulher, que surgiu através de um massacre, o Dia Internacional pela Eliminação do Racismo é fruto da atrocidade humana racista e merece ser aprofundado nas práticas da sociedade contemporânea. Hoje, a prática do racismo pode não matar diretamente com balas, mas mata através da segregação social, com o desemprego, favelização e ausência de políticas públicas favoráveis. Apesar dos avanços nas últimas duas décadas, ainda é preciso lutar contra essa chaga que corrói a alma da sociedade".

Fonte: Helciane Angélica

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