Há 69 anos a Polícia Militar de Alagoas eliminou o cangaço no Nordeste

Volante comandada pelo tenente João Bezerra eliminou Lampião e seu bando na grota de Angicos

A madrugada daquele dia fatídico de 28 de julho de 1938 era fria. Uma imensa neblina cobria as duas margens do Rio São Francisco, em Piranhas (AL) e em Poço Redondo (SE), onde estavam – escondidos na grota de Angico – o grupo de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

A sentença estava traçada e o tenente João Bezerra orientou a volante, após a traição do coiteiro Pedro de Cândido. Atravessaram o rio em duas canoas. O silêncio e a expectativa era generalizada, os soldados chegaram até a grota, se posicionaram em pontos estratégicos e o tiroteio quebrou o silêncio daquela madrugada.

A troca de tiros durou cerca de 20 minutos, os soldados não ofereceram qualquer chance de defesa para o grupo de cangaceiros. Depois caiu sobre a caatinga um silêncio lúgubre. Onze cangaceiros estavam mortos: nove homens e duas mulheres.

Era o fim do cangaço no Nordeste, Lampião e Maria Bonito estavam mortos crivados de balas de fuzil modelo 1908 da Polícia Militar de Alagoas. Três horas depois a notícia começou a se espalhar nos sertões de Alagoas, Sergipe e Bahia.

A volante do tenente João Bezerra, atacou o grupo de Lampião em Angicos. Muita gente morta, inclusive Lampião e Maria Bonita. Era o fim das crueldades nas vilas e povoados. Era o fim do homem que se tornou “expert” em sangrar pessoas enfiando-lhes longos punhais corpo adentro entre a clavícula e o pescoço.

Traição

Lampião foi traído pelo coiteiro Pedro de Cândido, que morava em Entre Montes, município de Piranhas. O cangaceiro foi surpreendido pela volante comandada pelo tenente João Bezerra.

O “capitão Virgulino” chefe do grupo estava em seu esconderijo – na fazenda Angicos, em Porto da Folha, atualmente Poço Redondo. O grupo de Lampião, ali acampado, era de trinta homens e cinco mulheres e começam a se levantar de suas barracas armadas para fazerem o fogo e tomarem café.

O tenente João Bezerra – muito bem informado sobre o grupo – estava com um contingente de 48 policiais armados de fuzis modelo 1908 e traziam como reforço uma metralhadora Hotchkiss, que era um dos sonhos do “Rei do Cangaço”.

A selvageria policial foi idêntica a dos bandidos, que tiveram seus bens saqueados pelos soldados, inclusive armas, jóias e dinheiros. As cabeças dos cangaceiros foram cortadas de facão. Segundo os historiadores do cangaço nordestino Maria Bonita teve a cabeça cortada ainda viva. As cabeças foram colocadas em latas de querosene, transportadas em canoas até Piranhas e foi realizada uma exposição macabra, com a exibição das peças na cidade, depois em Delmiro Gouveia, Santana do Ipanema, Palmeira dos Índios e Maceió.

Na capital alagoana, as cabeças foram expostas em frente ao quartel da Polícia Militar, na Praça da Independência. As cabeças dos bandidos foram exibidas como troféus.

As cabeças de Lampião de Maria Bonita seguiram de Maceió para o Instituto Nina Rodrigues em Salvador, onde permaneceram expostas até 1969. As famílias de Lampião e Maria Bonita fizeram uma grande campanha objetivando o sepultamento, e as cabeças foram finalmente enterradas.

Corisco

Naquela madrugada, faltou pouco para um confronto entre o grupo de Corisco e a volante comandada pelo tenente João Bezerra, às margens do rio São Francisco. O grupo estava escondido esperando o barqueiro Messias, para conduzi-los até a outra margem. A informação do coiteiro livrou o grupo do confronto mortal. “Hoje está muito movimentado. Tem volante rondando, é melhor seu pessoal atravessar amanhã cedinho”.

Corisco jurou a vingança e se indagava quem seria o traidor. Rebuscou todos os nomes e achou que seria o velho Domingos Ventura, vaqueiro da fazenda Patos que pertencia ao fazendeiro Antônio de Britto, avô de dona Cira, esposa do tenente João Bezerra. Corisco matou e degolou todos os membros da família e mandou entregar as cabeças ao tenentte João Bezerra, em Piranhas.

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