Paulão diz que PT está pagando o preço pela política de alianças

ALAGOAS 24 HORASRodolfo Amaral ficará preso na delegacia de São Miguel dos Campos

Rodolfo Amaral ficará preso na delegacia de São Miguel dos Campos

O deputado Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, presidente do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), disse, em entrevista exclusiva ao Alagoas24horas, que as denúncias do deputado Roberto Jefferson atingem a ética petista, mas ninguém deve ser visto como culpado antes que a verdade seja esclarecida.

O deputado também diz que partidos como PFL e PSDB estão tentando insinuar que todos os partidos são iguais, o que acabou abalando a militância do PT.

Sobre como recuperar a auto-estima do eleitor petista, especialmente em Alagoas, Paulão diz que o partido não pode recuar, “tem que jogar no ataque, mostrar que não tem envolvimento com irregularidades. No Estado, nossa orientação é trabalhar junto aos partidos aliados e movimentos sociais, debatendo em cada município no sentido de nos preparamos para enfrentar nosso grande adversário, que tanto no Estado, quanto nos municípios é o PSDB junto com o PFL”.

Quanto às denúncias do governador Ronaldo Lessa sobre a existência de ‘mensão’ no poder Judiciário, Paulão diz que são agraves e que devem ser apuradas.

Como avalia a atual crise política vivenciada pelo Governo Lula, a partir das denúncias de corrupção e ‘mensalão’ envolvendo parlamentares do PT?

Não adianta criar mecanismos para não enxergar essa realidade. O Roberto Jéferson fazia parte da base do governo, fez e ainda faz denúncias gravíssimas, embora não tenha apresentado provas e critique de forma veemente membros do PT nacional. Quero crer, conhecendo essas pessoas como conheço, que até que se prove o contrário, são pessoas sérias. Se no final ficar comprovado que eles foram culpados, deverão ser responsabilizados. Por enquanto, fica evidente que a tática dele (Jéferson) é inteligente. Está trabalhando o ataque ao Partido dos Trabalhadores em dois pilares do PT, a ética e a transparência na aplicação de recursos públicos. Fica claro que o PFL e o PSDB estão se aproveitando do momento.

Então tudo não passa de um jogo político visando 2006?

Eles, PFL e PSDB, estão fazendo a política do ataque. Preservam momentaneamente o Lula, mas o alvo é o José Dirceu, que simboliza a base histórica do PT. E dentro do partido, atacam o José Genoíno e outros, tentando colocar o PT na vala comum, para mostrar para a população que todos os partidos e políticos são iguais. Isso abalou a militância forte, aqueles eleitores que votavam no PT com convicção estão descrentes no partido.
Isso é ruim para a Democracia, pois quem ganha é o poder econômico, pois o que está em jogo é um projeto político.

Muitos brasileiros não apostam nessa CPI, acham que mais uma vez estamos caminhando para um escândalo que vai dar em ‘pizza’. Quais são suas expectativas neste sentido?

Não tenho dúvidas de que essa CPI vai rolar até o final do ano. Essa convulsão política ainda não atingiu a economia do país. Não vejo clima de golpe no Brasil, como muitos querem fazer parecer. Ao contrário do que ocorreu na era Collor, quando a crise saiu do palácio para o Congresso, essa é uma crise que sai do Congresso para atingir o palácio. No entanto, não vemos a economia fragilizada, tampouco a sociedade civil se mobilizando nas ruas contra o governo. O que se vê agora é uma sociedade apática, descrente, mas não há clima de impecheament.
O que existe é uma raiva muito grande de partidos como PFL e PSDB, cuja maioria dos prefeitos está envolvida nos escândalos de desvio de dinheiro público auditadas pela Controladoria Geral da União, no país. É claro que esses prefeitos influenciam parlamentares nesse projeto de ataque ao Governo.

Em sua opinião, como Lula deve reagir a esta crise?

O PT fez a política de alianças, inclusive com partidos tradicionais, com seus vícios e cultura histórica. Agora está pagando o preço devido a essa realidade. Dessa crise devemos tirar lições positivas e negativas e o maior condutor deverá ser o próprio Lula, que já provou disposição ao lançar esta semana, o Programa de Combate a Corrupção. Esse é um passo. Ainda é preciso medidas como reduzir o número de cargos comissionados, valorizar mais o servidor público, graduando-o com um plano de cargos e carreira e promover a Reforma Política, defendendo a fidelidade partidária e o financiamento público de campanha. Na minha opinião, o presidente deveria mudar dois ministros, Romero Jucá, da Previdência, e Henrique Meireles, do BC.

E como recuperar a auto-estima do eleitor do PT, especialmente em Alagoas

O partido não pode recuar, tem que jogar no ataque, mostrar que não tem envolvimento com irregularidades. No Estado, nossa orientação é trabalhar junto aos partidos aliados e movimentos sociais, debatendo em cada município no sentido de nos preparamos para enfrentar nosso grande adversário, que tanto no Estado, quanto nos municípios é o PSDB junto com o PFL.

Como o senhor avalia essa crise anunciada entre o governador Ronaldo Lessa e o poder Judiciário?

O governador fez denúncias graves, que tem que ser apuradas. Ele citou nominalmente dois juízes e esse discurso pode gerar uma reação coorporativista do poder Judiciário, agravando ainda mais a situação de inelegibilidade dele. Esta contenda entre o governador e os juízes não pode ser levada em conta na hora que o TRE for avaliar o processo dele, sob pena de afetar a Democracia e a gestão pública.

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