Severino faz barganha para sair da Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), já se convenceu de que não tem condições de permanecer no cargo, mas ameaça afundar atirando contra o governo. Para renunciar, quer garantias de que seu grupo político manterá os cargos na Esplanada, principalmente o ministro das Cidades, Márcio Fortes. Na noite de sexta-feira, barganhou: mandou anunciar que vai pedir licença médica e entregar a direção da Câmara ao vice Thomaz Nonô (PFL-AL), considerado adversário pelo governo. Logo após, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, respondeu: não haverá mudança no ministério.

Apesar de estressado e isolado, ontem, Severino Cavalcanti comandou duras negociações com o governo. Pela manhã, o deputado João Caldas (PL-PI), quarto-secretário da Câmara, viajou para Alagoas para participar da inauguração do novo aeroporto de Maceió. Severino pediu-lhe que marcasse um encontro com o presidente Lula. Na véspera, já havia vazado a informação de que a renúncia de Severino dependeria dessa conversa. Lula tirou o corpo fora da crise e disse a Caldas que receberia Severino em audiência, como presidente da Câmara, se ele a solicitasse.

Lula também encarregou o presidente da Infraero, o pernambucano Carlos Wilson, amigo de Severino, de ter uma conversa franca com o presidente da Câmara. No avião, o presidente da República já havia comentado que não se sentia responsável pela crise na Câmara, pois havia apoiado o petista Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que perdeu a eleição da mesa. “Severino foi eleito pela oposição, que agora está contra ele”, argumentou. Lula não quer interferir nem na renúncia de Severino, nem na escolha do próximo presidente da Câmara. Quer apenas que o futuro presidente da Câmara seja um aliado, com apoio de toda a base governista.

Severino não gostou da resposta de Lula. Também não ficou satisfeito com a conversa de Carlos Wilson. Depois de uma longa reunião com o presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), o corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado João Caldas (PL-AL), decidiu anunciar que vai pedir licença do cargo. “O presidente falou com o ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais), por telefone, mas com o presidente Lula, não. Ele admite agora tirar uma licença médica e voltar a qualquer instante. Ele tem diabetes, é cardíaco e sofre do pulmão”, disse Caldas. Ou seja, pode sair e entregar o cargo para a oposição.

Após passar toda a tarde de ontem na Granja do Torto em reuniões com o presidente Lula, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, disse que a demora de Severino em decidir sua saída do cargo não atrapalha nem prejudica o governo. Segundo ela, caso se concretize a renúncia de Severino, não haverá modificações na Esplanada e o ministro das Cidades, Márcio Fortes, permanecerá. Fortes foi nomeado para o ministério na cota de Severino. “Não pretendemos fazer nenhuma modificação. Encaramos o ministro Márcio Fortes como representante do PP na base aliada”, disse a ministra.

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