João Alves: Transposição do São Francisco é ilegal, tecnicamente errado e socialmente injusto

O governador de Sergipe, João Alves Filho, um dos mais críticos contra a transposição do Rio São Francisco, voltou a criticar o governo federal, afirmando que o projeto é ilegal, tecnicamente errado e socialmente injusto.

Em seu terceiro mandato, o governador sergipano é um estudioso no assunto. Em entrevista ao Programa do Jô, na Rede Globo, João Alves foi enfático ao afirmar que o projeto da transposição não passará. “Se nesse país ainda há justiça essa idéia será descartada por um motivo muito simples: o projeto não tem licença ambiental”, argumentou.

Seguro em suas afirmações, João Alves mostrou situações parecidas em rios importantes dos Estados Unidos e da China. Nos dois exemplos às famílias ribeirinhas foram obrigadas a deixar suas casas por causa da obra.

Segundo o governador, há algumas décadas o Rio São Francisco chegava a avançar 16 km em direção ao mar; hoje, as águas do oceano já se aproximam cerca de 150 km da foz do rio. “O Velho Chico está morrendo. É como se nós tivéssemos um paciente doente, carecendo de cuidados e repouso e alguém querendo tirar o seu sangue”, justificou.

Socialmente incorreto

Para João Alves, o projeto é socialmente incorreto porque não leva água basicamente para o consumo humano. “O presidente disse em Pernambuco que nós – os contra o projeto – estamos negando uma cuia d’água aos irmãos nordestinos. Isso não é verdade; aqui nós não negamos água nem aos inimigos. Porque ele não disse que 90% da água é para irrigação? Porque contraria os interesses das grandes empreiteiras. Se ele quiser falar sobre projetos de irrigação nós temos grandes idéias, bem mais viáveis e econômicas”, disse.

Como defesa, o governador citou o projeto de convivência com a seca, utilizado com sucesso na China e Índia. “Estive lá em conheci de perto a realidade depois da obra. O projeto de irrigação do Ceará também é um grande exemplo. Primeiro devemos saber de onde tirar e a quem beneficiar. No Nordeste, Campina Grande (PB), por exemplo, tem um grande problema de falta d’água. Lá serve como um bom teste para esse projeto de convivência com a seca. O problema é que a obra é menor e não tem tanta visibilidade”, argumentou.

Entre os exemplos citados pelo governador, Aracaju Sergipana, consome 60% da água que vem do Velho Chico. “Estados como Sergipe e Alagoas, por exemplo, serão duramente penalizados em curto prazo. O rio está doente e nós temos é que ajudá-lo a se recuperar e, não, contribuir para sua morte”, finalizou.

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