O Brasil aparece apenas na 63ª posição em relação à liberdade de imprensa no mundo, em lista divulgada hoje pela organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras), atrás de países como a Bolívia. O relatório mostra a dificuldade do exercício da profissão em países latino-americanos.
A RSF comemorou no relatório a diminuição das agressões a jornalistas na Argentina (59ª posição), onde os meios de comunicação ganharam espaço na questão de preservação do anonimato das fontes. No Brasil a situação também melhorou, mas a imprensa ainda está exposta a violentas represálias.
A Coréia do Norte continua sendo a última colocada entre os 167 países estudados pela entidade, enquanto a Dinamarca é o país com maior liberdade de imprensa.
El Salvador, uma democracia ainda frágil, ocupa, por sua vez, a 28ª posição e é pelo segundo ano o país latino-americano mais bem classificado, seguido pela Costa Rica (41), Bolívia (45), Uruguai (46) e Chile (50).
"São países que em muitos casos nos surpreendem e em que os atos de intimidação aos jornalistas não passam de ameaças", segundo os responsáveis dos RSF.
Cuba, no posto 161 de uma total de 167, continua como o ‘ponto mais obscuro’ da América Latina. Em 2004 foram presos dois jornalistas, que se somam aos 21 já presos desde março de 2003.
A Colômbia, tradicionalmente a penúltima do ranking entre os latino-americanos, cedeu o posto ao México (135) este ano, onde a situação da imprensa tem se deteriorado sobretudo nas regiões fronteiriças aos Estados Unidos – locais em que a impunidade reina, segundo o relatório da RSF.
A organização recorda que em uma mesma semana de abril de 2005, foram assassinados dois jornalistas e um terceiro desapareceu no México.
Na Colômbia (128), a RSF recorda que o jornalista radiofônico Julio Palacios foi assassinado em uma região dominada pelo narcotráfico e a corrupção e outros sete ameaçados tiveram de deixar o país.
O Haiti, apesar da melhora na situação da imprensa desde a queda de Jean Bertrand Aristide, em fevereiro de 2004, continua sendo uma nação de risco para os jornalistas.
Piores do mundo
No âmbito mundial, a Coréia do Norte ocupa a 167ª e última posição da lista, seguida da Eritréia e do Turcomenistão, países considerados ‘buracos negros’ da informação, onde não existe imprensa privada e a liberdade de expressão é nula.
Em geral, a parte oriental e central da Ásia (Mianmar, China, Vietnã, Laos, Turcomenistão, Uzbequistão ou Afeganistão) e Oriente Médio, com o Irã (164) e o Iraque (157) na liderança, são as regiões mais difíceis do mundo para o exercício da liberdade de imprensa.
"Qualquer desvio é reprimido severamente… uma palavra a mais, um nome mal escrito ou um comentário que saia da linha oficial podem levar um jornalista à prisão e atrair sobre ele a fúria do poder", denuncia os RFS.
As péssimas condições de segurança no Iraque fizeram o país perder vários postos na lista em relação a 2004. Pelo menos 24 profissionais da área de comunicação foram mortos no país este ano e o conflito se converteu no mais duro desde a Segunda Guerra Mundial, com um total de 72 jornalistas e colaboradores mortos desde o início de 2003.