O verdadeiro Paul Macarthey morreu em 1969; o que está nas paradas e vem cantar no Brasil, para o ano, é “cover” do beatle falecido em acidente automobilístico. Não importa se a versão é falsa ou verdadeira; os Beatles são mitos e os mitos não morrem nunca.
Na primeira vez que veio ao Brasil, Paul quase implodiu o Maracanã. Se é ou não o verdadeiro, o que deu início ao conjunto mais famoso do mundo, isso é secundário; o importante é que ele e John Lennon embalaram a rebeldia dos anos 60 e promoveram a revolução que não estava em nenhum compêndio marxista – algo transcendental, coisas de iluminados.
É natural que se crie em torno deles as mais variadas versões; todavia, não se sabe de alguém antes que tenha virado mito em vida – de ordinário, os mitos surgem após a morte.
Diz-se que o verdadeiro Paul Macarthey morreu tragicamente num acidente de carro, no final do ano de 1969, e, para honrar os contratos o empresário do grupo arranjou um “cover” e abafou a notícia da morte; mas não segurou John Lennon, que reagiu e tentou denunciar a farsa – e a morte de Paul – com mensagens cifradas no antológico álbum “Sgtº Papper’s”.
Outra reação de Lennon está – ou estaria? – na foto famoso deles atravessando a faixa de pedestre. Observem que Paul é o único que está descalço – mensagem de que estaria em outra dimensão; observem também que Paul está com o cigarro na mão direita – hábito complicado para quem é canhoto; finalmente, na foto famosa da capa do disco não menos famoso, John Lennon aparece vestido de agente funerário.
Em 1971, os Beatles se dissolveram; John Lennon foi assassinado depois de ganhar na justiça o direito de morar nos Estados Unidos – o governo o havia expulsado do país; George Harrisson morreu de câncer e Ringo sumiu, depois da tentativa malograda da carreira solo – não passou de um disco. Resta-nos Paul e nada importa se é ou não o Paul de Liverpool.
Para o ano, ele estará novamente entre nós; virá embalar os cinqüentões como eu, beneficiários de seu talento. Ah, como seria maravilhoso se pudesse lhe dizer: doido, obrigado por tudo.
