Atalaia: conflito agrário preocupa trabalhadores rurais

Na etimologia, Atalaia é um vocábulo sinônimo de sentinela, ou seja, estar sempre atento. Assim tem sido a vida dos trabalhadores sem-terra em Atalaia (AL), segundo o dirigente do Movimento Sem Terra (MST), José Carlos da Silva. Para ele, a morte de um líder acentua um conflito existente no município há pelo menos três anos e que já vitimou outras lideranças.

Os trabalhadores rurais do MST enxergam a morte do líder Jaelson Melquíades, 25, como sendo a crônica de uma morte anunciada. De acordo com um dos trabalhadores, o município de Atalaia tem hoje um dos focos de tensão e conflito agrário mais forte de Alagoas. “É um clima de paz armada. Uma bomba que a qualquer momento pode explodir”.

Atalaia fica a 20 quilômetros de Maceió e um dos principais assentamentos do município se situa justamente no perímetro onde Melquíades foi morto: a fazenda Timbozinho, no povoado de Ouricuri, a 18 quilômetros da área urbana da cidade. O conflito chegou a um extremo que os militantes do movimento semterra – de acordo com um deles – já participam de cursos de brigadas, temendo confrontos diretos com fazendeiros, na hora das invasões.

Melquiades foi morto no mesmo local onde outro líder do MST já havia sido assassinado há dois anos. No caso de Melquíades, os pistoleiros conseguiram fugir de moto pela BR-316. Para os familiares da vítima, não é segredo as ameaças constantes que os líderes do movimento vem sofrendo. Grande parte delas, vindas de fazendeiros da região. Apesar da denúncia, muitos temem em citar nomes.

Conforme um parente da vítima, é comum capangas armados rondarem os acampamentos e arquitetarem emboscadas. As ameaças e perseguições – conforme os militantes – acontecem em plena luz do dia, como foi o assassinato de Melquíades, que morreu por volta de 13 horas.

Direção do MST

A direção do Movimento Sem Terra comunga das denúncias feitas pelos militantes. Segundo o diretor José Carlos da Silva, “o clima é tenso e precisa da presença da segurança pública. Eles têm que agir em defesa dos trabalhadores rurais”. Em entrevista à imprensa, José Carlos citou que a Polícia Civil e a Justiça de agirem com morosidade e citou os casos de mais dois militantes mortos em Atalaia (Evanilson e Grilo). “A morte destes companheiros continuam impunes. Os assassinos estão em liberdade”, colocou o dirigente.

O delegado de Atalaia, Gilson Rego, falou que é provável que este seja mais um crime por encomenda. Mas não quis pôr a culpa nos fazendeiros da região. Rego expôs que há várias linhas de investigação. “Mesmo sendo forte a possibilidade do crime ter acontecido por conta do conflito agrário, há outras possibilidades que também devem ser investigadas”, colocou o delegado.

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