Artesanato: de hobby à fonte de renda

Alagoas24horasÁrvores de natal feitas de crochê pela funcionária pública Lúcia Maria dos Santos

Árvores de natal feitas de crochê pela funcionária pública Lúcia Maria dos Santos

Fazer peças em crochê, com bijuterias, biscuit, velas ou de arranjos florais pode servir de hobby, terapia e até gerar renda. Em Maceió, a criatividade envolve jovens e adultos, que aumentam a qualidade de vida ao se dedicarem ao que gostam.

Com apenas 20 anos, a universitária Larissa Belo aprendeu a fazer velas há cerca de dois meses, com a ajuda de revistas especializadas. “Foi por brincadeira, mas hoje levo a sério e espero me especializar, fazer cursos e vender mais”, diz, lembrando que ainda está começando na atividade.

As dificuldades da jovem – os gastos com o material, pequenas queimaduras e a preocupação com a aprovação dos produtos pelos clientes – são facilmente superadas com o apoio da família e o prazer em tentar peças novas. Larissa Belo faz uma vela simples em três horas, mas pode levar até mais de um dia para fazer enfeites ou montar luminárias. “Faço nos intervalos das aulas e estudos, é a melhor distração que tem”, analisa.

A funcionária pública, Lúcia Maria dos Santos, prefere se distrair com a arte do crochê, fazendo sapatos para bebês, blusas, enfeites, ímãs e até árvores de Natal. A variedade das peças depende das encomendas, da criatividade e das mudanças da moda. “Aprendi com minha mãe, quando era criança. Como eu sou canhota e ela é destra, ela fazia, eu desmanchava e recomeçava os pontos do crochê para o outro lado”, explica.

Para Kelly Roberta Moreira, 22, o hobby de fazer bonecas e enfeites de madeiras e vidros com biscuit se tornou uma fonte de renda extra. Há sete meses se dedicando à atividade, ela vende os produtos na rua onde mora, no bairro do Tabuleiro, e entre amigos e familiares “recebo encomendas e é uma ajuda a mais no orçamento”, afirma.

Com mais experiência com vendas, a funcionária pública Maria Aparecida Souza consegue vender o artesanato produzido no armarinho do irmão. “Faço arranjos com flores, trabalho com retalhos, fuxico, reciclagem, peças com conchinhas do mar e velas”, diz, acrescentando que sempre participa de novos cursos, como o último em que aprendeu a fazer bonecas de sabonete.

Definido como a arte de transformar matérias brutas em peças utilitárias e artísticas, o artesanato necessita de paciência, dedicação e bastante trabalho manual. “É uma higiene mental, tenho prazer em construir pedacinho por pedacinho da peça e faço como um hobby, um hábito”, revela Maria Aparecida Souza.

Terapia

Utilizado como um hobby, o artesanato produz bem-estar e é um dos aliados para a conquista da qualidade de vida. E diferente de outras atividades, como ler, caminhar, praticar exercício ou cuidar de plantas e animais, o artesanato ainda pode aumentar a auto-estima.

Este é o caso da professora estadual, Everilda Alves Vilela, que está se aposentando. Há cerca de cinco anos ela perdeu três irmãos em um curto período de tempo, teve início de depressão e os problemas na coluna aumentaram. Para se distrair, ela aprendeu a fazer brincos, pulseiras, colares e bordados com bijuterias e atualmente vê o artesanato como uma terapia ocupacional.

“Se eu não partisse para a bijuteria, minha cabeça daria um nó. No início, eu fazia o dia inteiro para esquecer das coisas. Agora o artesanato é minha vida”, diz emocionada.

Dependendo do modelo, Everilda Vilela consegue fazer até três peças em um só dia e as vendas são feitas para a família e amigos próximos, que admiram e apóiam o trabalho feito pela professora.

Profissão: artesão

Uma das feiras mais tradicionais de Maceió, a Feirinha da Pajuçara – com cerca de 20 anos de existência – reúne 200 artesãos que fazem do trabalho manual uma profissão. Sempre em contato com turistas e fregueses da cidade, esses artesãos são especializados nessa arte, que às vezes é a única fonte de renda para as famílias.

Sustentando dois filhos, o marido e a irmã, Vera Lúcia Moreira da Silva decidiu investir no artesanato há quase 15 anos, depois que perdeu o emprego que tinha em uma rede de supermercados. “Fiz cursos, comprei revistas e aprendi também a fazer bonecas, peças em vitrais e filé, mas preferi a bijuteria”, conta a artesã, que tem o ponto repleto de bijuterias, na Feira da Pajuçara.

Com experiência no ramo, a artesã diz que a bijuteria tem menor investimento, já que ela não precisa gastar tanto para comprar matéria-prima. “O legal é que eu mesma produzo as peças, mas as vendas variam de acordo com a temporada de turistas”, diz, enfatizando também que o artesanato é bastante valorizado pelos turistas, mas ainda precisa ser mais divulgado na cidade de Maceió.

Vera da Silva não quis revelar quanto ganha por mês, até porque o valor é bastante incerto, mas a artesã disse que consegue ganhar, ao menos, R$ 600 que é utilizado para as despesas da família. “Às vezes, o valor nem recompensa muito, mas ver as pessoas comprando as peças e levando com estima para amigos e familiares recompensa mais do que dinheiro”, analisa.

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