Aldo rejeita fim da reeleição na pauta da Câmara em 2006

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), escalou o candidato da oposição que considera ideal disputar a presidência com o presidente Lula em 2006: Fernando Henrique Cardoso. Ao fazer um balanço sobre 2005 e analisar o quadro político brasileiro para 2006, o presidente da Câmara revelou o desejo de ver o atual e o ex-presidente da República em um confronto definido por ele como " a disputa do século " . Fernando Henrique seria mais representativo para o PSDB do que o prefeito de São Paulo, José Serra, outro presidenciável.

"Já adentramos o tapete da disputa eleitoral. Acho que ela já está em curso. Eu, pessoalmente, gostaria de ver um embate entre o presidente Lula e o presidente Fernando Henrique. Um é o principal líder do governo e o outro é o principal líder da oposição " , disse Aldo. Para o presidente da Câmara, o embate seria maduro, com idéias apresentada de forma aberta e tranqüila.

Com relação a Serra, Aldo disse ter muito apreço pelo ex-ministro da Saúde. " Temos muita identidade em relação a questões fundamentais. Mas não acho que seja o prefeito Serra o mais representativo para essa disputa " , afirmou.

O tema da reeleição provocou o único momento de irritação de Aldo durante a entrevista. Ao ser perguntado sobre a vontade de parte da oposição de debater o fim da reeleição de um segundo mandato para o presidente, respondeu: " Eu considero quase uma desfaçatez as pessoas, que fizeram o que fizeram para aprovar a reeleição, chegarem no ano eleitoral, diante da população brasileira e desse Congresso, que foi removido nas suas entranhas para aprovar a reeleição, e pedir o fim da reeleição " , disse o presidente da Câmara.

O mensalão e a convocação extraordinária do Congresso foram dois temas recorrentes na entrevista do presidente da Câmara. Ele reiterou a opinião de não acreditar na existência do mensalão para pagamento de parlamentares por votações com o governo, como a CPI dos Correios revelou em relatório parcial apresentado na terça-feira. " Não acredito que os parlamentares tenham recebido dinheiro para votar matérias a favor ou contra o governo. Agora, transferência de recursos entre partidos por razões eleitorais, a CPI está esclarecendo " , analisou Aldo. " Aquilo que sustentou a tese do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) não se sustenta " , afirmou. Sobre o caixa 2, Aldo reiterou que se trata de crime. E, apesar de o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) ter confessado o uso do dinheiro não contabilizado, o presidente não viu problemas em sua absolvição pelo plenário: " Aqui se faz um julgamento político " .

O presidente da Câmara aproveitou para fazer críticas ao Conselho de Ética. O colegiado pressionou Aldo para aprovar a convocação extraordinária e decidiu por ter folga até o dia 9 de janeiro. " Discordo da suspensão dos trabalhos. Mas respeito a decisão. Não seria agora que eu faria uma intervenção no conselho, que é um órgão autônomo " , disse o presidente.

Ao elaborar uma agenda de votações, o presidente da Câmara passou a apoiar a convocação. E o maior apelo para o chamado dos parlamentares era a necessidade do funcionamento das CPIs e do Conselho de Ética. " Eu sabia que a convocação poderia ser importante para votarmos projetos importantes, já que tivemos um ano atípico e em 2006 há eleições. Mas sabia também que haveria um desgaste muito grande " , afirmou.

O presidente confia no trabalho dos deputados em janeiro. E diz querer colocar em votação a mudança nas regras das convocações nas férias. " Creio que vamos votar a redução do recesso parlamentar de três meses para um período razoável e aceitável para a população. E também discutiremos o fim do pagamento pela convocação extraordinária " , revelou. Aldo elenca a Lei do Fundeb e a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa como dois tópicos muito importantes da pauta de votações do início de 2006.

Aldo defendeu, também, para o próximo ano, um debate sobre a forma como o Orçamento da União é votado e executado. Ele defendeu a adoção do orçamento impositivo, quando não cabe ao governo decidir se libera ou não as verbas. " Poderíamos começar a deixar partes do orçamento de forma impositiva. Até acho que as emendas parlamentares poderiam funcionar assim. Seria uma segurança de que não seriam só as emendas de deputados da base do governo que receberiam as verbas " , completou.

Fonte: Valor Econômico

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