Incêndio revela brigas e confusões no Cheiro da Terra

O incêndio ocorrido ontem no centro de artesanato Cheiro da Terra revelou mal entendidos entre os artesãos e o administrador, Eduardo Robot. Nesta tarde, os peritos do Corpo de Bombeiros ouviram o depoimento do vigilante que estava no local e iniciaram a coleta de informações para liberar a área.

De acordo com o tenente coronel Luís Antônio, a primeira etapa da perícia é o colhimento de informações e o depoimento de pessoas que estavam no momento do incêndio. “Ouvimos o depoimento do vigilante, Cleberson, depois ouviremos os dois eletricistas que estavam no local”, disse.

Amanhã, pela manhã, os bombeiros devem liberar a área, que está fechada e tem a vigilância feita por dois policiais militares, desde o incêndio.

Perícia

A previsão é que o relatório final da perícia seja concluído em, no máximo, trinta dias. Segundo o tenente Luís Antônio, o documento revelará o motivo do incêndio. “Se for criminoso, a perícia pode ser utilizada pela polícia civil”, afirma.

A perícia também tem a participação do major Paulo Marques e do capitão Emerson, do Corpo de Bombeiros, e dos técnicos da Companhia de Energia Elétrica de Alagoas, que foram chamados para averiguar as instalações elétricas do estabelecimento. “Toda a estrutura do local foi atingida e precisará ser modificada para ser reutilizada. Tudo foi perdido”, disse o tenente.

Amanhã, os dois eletricistas que trabalhavam para colocar contadores individuais em cada loja, serão ouvidos pelos oficiais do Corpo de Bombeiros. "Eles chegaram às 6h30 e foram os primeiros a ver o incêndio", disse Jailton do Nascimento, um dos vigilantes.

Vigília

Desde o incêndio, artesãos que trabalhavam no Cheiro da Terra estão reunidos em frente ao centro de artesanato, em uma vigília permanente até que seja definido um outro local para que eles trabalhem. Vestidos com a mesma blusa, que tem os dizeres “Queremos trabalhar, onde?”, os artesãos esperam uma decisão da prefeitura, que se reuniu com eles nesta manhã.

“A prefeita veio até aqui e ficou de avaliar um outro local para que nós trabalhássemos”, disse Zuleide da Costa Araújo, integrante da comissão da Associação Guerreiros de Maceió.

A artesã conta que a maioria dos vendedores estavam preparados para a alta temporada, com estoques renovados e bastante expectativa em relação aos turistas. "Nós perdemos tudo, alguns até investiram nas barracas há pouco tempo", explica.

Confusões

Nesta tarde, os artesãos discutiram com o advogado do administrador do Cheiro da Terra, Adriano Avelino, sobre a ausência de Eduardo Robot no local. “Nós estamos ajudando na perícia e não tem para que ele estar aqui”, disse.

Adriano Avelino disse ainda que a causa dessa confusão é porque alguns artesãos estariam inadimplentes com o aluguel cobrado no local. “São uns 18 artesãos que não pagam por dois a três anos”, revela Avelino.

Mas, de acordo com a advogada Emy Doriane Peixoto, todos os artesãos tiveram que apresentar contratos e recibos de pagamento quando entraram com uma ação para impedir o despejo do Cheiro da Terra, em agosto deste ano. “Robot fez um acordo com o proprietário, João Nogueira, que pedia o perdão dos débitos e dizia que Robot e os artesãos deixariam o local. Mas entramos com uma liminar, que impediu o despejo”, explica a advogada.

Ela ainda disse que o contrato original, feito com João Nogueira impedia Robot de sublocar o espaço, mas todas as barracas eram alugadas. “Pagamos de R$ 380 a R$ 600 e nessas últimas semanas não tínhamos papel higiênico, shows e os guias não vinham mais para cá”, denuncia a artesã Zuleide Araújo.

Sobre o estacionamento do Alagoinhas, para onde os artesãos iriam, a advogada lembrou que a obra foi embargada pela prefeitura e está interditada por um juiz federal. Já os artesãos disseram ainda que não estavam de acordo em ir para o novo local.

Incêndio

O advogado que defenderá os artesãos no caso do incêndio, Carlos Alberto, conhecido como Betinho, entrará com uma ação civil e uma criminal contra o administrador e o Estado, por omissão ou negligência em relação às duas notificações feitas pelo Corpo de Bombeiros, sobre a falta de segurança no local.

"Primeiro vou fazer uma reunião com os artesãos, para traçar uma linha de ação também no Ministério Público", afirmou Betinho.

Sobre as notificações, o advogado de Robot, Adriano Avelino, disse que havia um projeto de incêndio no Cheiro da Terra e muitos extintores espalhados pelo local.

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