Jornada diária pela sobrevivência

Polyanna RochaPais acompanham a alfabetização dos filhos

Pais acompanham a alfabetização dos filhos

Dona Edneide Francisco Lima tem uma filha com paralisia cerebral. A criança tem oito anos e não fala, não anda e nem reage aos estímulos. Três vezes por semana ele enfrenta uma maratona até chegar na Associação dos Amigos e Pais de Pessoas Especiais (APPE), onde a filha faz tratamentos com neurologista, pediatra e fisioterapeuta.

“Moro no Jacintinho e o ponto de ônibus é distante da minha casa. Ando uns quinze minutos com ela no braço e ela pesa 20 quilos. O ônibus especial demora a passar e tenho que pegar um normal. Quando entro no transporte geralmente não tem lugar na frente e fico em pé segurando ela.”, disse.

Segundo a diretora da AAPPE, Iraê Cardoso, esse transporte buscaria os deficientes em suas residências e depois os levaria de volta para casa. O orçamento familiar não ficaria tão comprometido, pois, essas mães já gastam muito dinheiro com remédios. “A maioria das pessoas que nos procuram são pessoas de baixa renda que muitas vezes não tem nem o dinheiro da passagem.”, afirma.

Dona Edneide reclama também da falta de solidariedade das pessoas nos ônibus. “A maioria das pessoas não cedem o lugar e não se importam com os portadores de deficiência. Elas deveriam ajudar mais e pensar naqueles que têm necessidades maiores”, ressalta.

A AAPPE é uma organização da sociedade civil, de utilidade pública nacional, filiada a FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração Nacional de Surdos – que oferece à comunidade surda educação, saúde, comunicação, integração e inserção no mercado de trabalho.

A instituição foi fundada em 1987 por um grupo de profissionais e familiares com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da comunidade surda de Alagoas e tornar-se um centro de referência em educação para surdos, desenvolvendo projetos voltados para questões educacionais, sociais, lingüísticas, comunicativas e profissionais na área de surdez.

A associação alfabetiza os surdos em todas as faixas etárias, ensina e interpreta a língua de sinais, capacita profissionais surdos e ouvintes para atuação na área de surdez, promove a comunicação entre ouvintes e surdos. Além disso, atua na divulgação e defesa dos direitos da comunidade e qualifica os surdos para desempenharem funções compatíveis com o mercado de trabalho.

“Os surdos que trabalham em supermercados de Maceió, por exemplo, estão empregados graças ao trabalho da associação. Muitos empresários estão começando a valorizar a mão-de-obra surda porque ela é capaz de realizar inúmeros trabalhos e interagir com os ouvintes.”, disse Iraê Cardoso.

A AAPPE oferece atendimento clínico à comunidade – através de um convênio firmado com o Sistema Único da Saúde (SUS) – nas áreas de pediatria, clínica geral, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, assistência social, psicologia e fisioterapia.

Segundo a fisioterapeuta da AAPPE, Cristiane Barbosa, ela atende por semana cerca de 30 pacientes com dificuldades motoras. “Ao todo, temos mais de 100 pacientes cadastrados na clínica da associação. Mas, muitos surdos apresentam múltiplas deficiências e precisam ser atendidos por vários especialistas.”, afirma.

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