Quem resolver ir a Marechal Deodoro pela parte baixa da cidade de Maceió, obrigatoriamente passará pela Rua da Palha, localizada num dos acostamentos do trevo que dá acesso àquela que foi a primeira capital de Alagoas. São quase cem barracos amontoados na beira da estrada. Talvez muita gente tenha até passado por lá, mas sem notá-los. “Aqui a gente é esquecido. Também pudera, neste local não se fez à luz”, comentou o morador Cícero Torres.
“Precisamos de luz”, gritavam os moradores num protesto feito – hoje cedo – na beira da pista que dá acesso a Rua da Palha. “Só saímos daqui com energia”, prometiam eles. De que luz eles estão falando? Por incrível que pareça – em pleno século da pós-modernidade – os manifestantes falavam de energia elétrica. “Cansamos de pedir, então partimos para a ignorância”, destacou uma das donas de casa.
O motivo da revolta – segundo os moradores – é que depois de tanto pedirem aos políticos da região para resolverem e não obterem respostas, os moradores optaram por uma ligação clandestina – o famoso “gato” – para iluminar o local. A fiação – conforme Cícero Torres – foi puxada do Pólo Industrial de Marechal Deodoro.
Como é comum desde a invenção do fogo, tudo que produz luz é notado. Neste momento, as autoridades policiais, políticas e responsáveis enxergaram os “não iluminados”. “Ainda bem que aqui só falta luz. Comida a gente arruma. Não temos a energia dos homens, mas nos beneficiamos da luz de Deus”, comentou Torres.
O fato é que assim que se fez a luz, não foi esperado nem o sétimo dia para apagá-la. A gambiarra foi imediatamente retirada e o povo da Rua da Palha voltou a ficar sem energia elétrica.
O Centro de Gerenciamento de Crise foi até o local e conseguiu com que o povo da Rua da Palha desocupasse a pista principal porque a Companhia Energética de Alagoas prometeu estudar o caso. “Nós não queremos luz de graça. Podemos até pagar desde que seja conforme a nossa realidade”, comentou Torres.
Ceal
O Alagoas 24 Horas entrou em contato com o funcionário da Ceal, José James Nunes. Segundo ele, a Companhia conseguiu chegar a um denominador comum com a população. Nunes deu o prazo de 15 dias para que a luz chegasse até a Rua da Palha por meio do Governo Federal Luz Para Todos.
Nunes explicou que a eletricidade não chegava até a região por conta da rede de alta tensão existente no local pertencer a Brasken. “A empresa não autorizava sangrias na rede. Com o protesto, os diretores se sensibilizaram e nos passaram a autorização. Amanhã realizaremos o levantamento eletro-topográfico da região e em uma quinzena o pessoal da Rua da Palha terá luz”.