Saddam chama julgamento de "comédia"; sessão é adiada para dia 5

O ex-ditador Saddam Hussein testemunhou perante o júri nesta quarta-feira, pela primeira vez desde o início de seu julgamento, em 19 de outubro. Em seu depoimento, Saddam qualificou o processo de "comédia" e pediu que os iraquianos dêem fim à onda de violência sectária.

Suas declarações fizeram com que o juiz que preside o processo, Rauf Abdel Rahman, fechasse a audiência para o público, alegando que Saddam estaria promovendo "discursos políticos". As transmissões televisiva e de rádio da sessão foram cortadas.

Saddam foi o última dos oito réus do processo a depor perante a corte. Embora ele tenha se pronunciado em diversas ocasiões durante o julgamento –que teve início em 19 de outubro– foi a primeira vez que o juiz e a promotoria o interrogaram diretamente.

Durante seu depoimento, ele afirmou que ainda era o presidente do Iraque e pediu que os iraquianos interrompam os ataques da nova onda de violência sectária no país. O juiz Raouf Abdel Rahman pediu então que ele interrompesse o discurso ‘de teor político’.

Depois que Saddam se recusou a parar seu testemunho, Rahman declarou a sessão fechada ao público, pedindo que jornalistas deixassem a sala de audiência.

Após cerca de duas horas, a imprensa teve permissão para entrar novamente na sala de audiência. Em seguida, Rahman adiou o julgamento para dia 5 de abril.

Discurso

Em suas declarações, Saddam falou da recente onda de violência no Iraque.

"O que mais me dói é que ouvi recentemente sobre um plano para prejudicar nosso povo", afirmou o ex-ditador. "Minha consciência me diz que o grande povo iraquiano não tem nada a ver com estes atos", disse Saddam, em referência ao ataque contra um importante santuário xiita em Samarra, que desencadeou a onda de ataques.

Rahman interrompeu Saddam, dizendo que ele não tinha permissão para fazer discursos políticos na corte.

"Eu sou chefe de Estado", respondeu Saddam. ‘Você já foi um chefe de Estado. Hoje você é um réu’, disse o juiz.

Saddam prosseguiu com o discurso, pedindo que iraquianos não lutem entre si. "O que aconteceu nos últimos dias é ruim", afirmou ele, referindo-se à violência. "Vocês viverão na escuridão e em rios de sangue sem razão".

O ex-ditador fez ainda elogios à insurgência sunita. "Sob meu ponto de vista, vocês são a resistência à invasão americana", afirmou.

"Farsa"

A sessão de hoje teve início com o interrogatório de Barzan Ibrahim, meio-irmão do ex-ditador e ex-chefe da inteligência durante o regime de Saddam, que durou cerca de três horas.

Questionado por Rahman e pela promotoria, que apresentou dezenas de documentos da agência de inteligência Mukhabarat sobre o massacre, Ibrahim negou sua participação na ação.

Ibrahim afirmou que os documentos apresentados eram "falsos" e que as assinaturas contidas neles eram "forjadas". "Não é verdade. É forjado. Todos nós sabemos que falsificações acontecem", afirmou à corte.

Esta é a 17ª sessão do processo iniciado em 19 de outubro contra Saddam e sete altos funcionários de seu regime. Os oito réus são acusados pelo massacre de 148 xiitas na cidade de Dujail, ao norte de Bagdá, ocorrido após uma suposta tentativa de assassinato contra Saddam em 1982.

Fonte: Folha

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