Impunidade é causa de manutenção de violência no campo, diz coordenador da Pastoral da Terra

O conselheiro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Dom Thomas Balduíno disse hoje (18) que a impunidade tem sido a primeira causa da manutenção da violência no campo. Ele se refere ao fato de em 2005 terem sido registrados pelo menos 38 assassinatos por conflitos no campo. Em 2004, foram 39. "Significa que a impunidade está permitindo o avanço da violência", observou. Os dados são do livro Conflitos no Campo – Brasil 2005, lançado hoje pela CPT, durante a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Segundo ele, esses conflitos aumentaram no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A explicação é que o pessoal [pessoas ligadas a movimentos de luta pela terra] achou que agora era a vez da reforma agrária porque era o Lula", disse. "No entanto, encontrou o obstáculo do agronegócio, da violência do latifúndio, que reagiu com os seus próprios meios. O governo não quer enfrentar os que se dizem donos da terra, que são fortes", considerou.

Dom Thomas criticou o atual processo de reforma agrária por estar "insatisfatório e muito devagar". E acrescentou que o que cresce no Brasil com "toda a força e com todo o incentivo é o agronegócio".

Em relação às 64 mortes registradas no ano passado em conseqüência desses conflitos, ele acredita que elas estejam relacionadas a questões trabalhistas, como, por exemplo, a situação de agricultores que trabalham com cana-de-açúcar e "são obrigados a concorrer com as máquinas para poder continuar no serviço, se não a máquina toma o lugar deles". Na avaliação dele, essa concorrência tem levado a morte de pessoas "que não se alimentam à altura do trabalho forçado que fazem". "É uma forma de trabalho escravo", destacou, acrescentando que o governo receberá o levantamento.

Fonte: Agência Brasil

Veja Mais

Deixe um comentário

Vídeos