Mentor é o nono deputado absolvido pela Câmara

O deputado José Mentor (PT-SP) é o nono deputado a escapar da cassação. A Câmara rejeitou, na noite desta quarta-feira, o relatório do deputado Nelson Trad (PMDB-MS) que pedia a cassação do petista por ter recebido R$ 120 mil de uma empresa do empresário Marcos Valério.

Foram 175 votos contra o relatório, que pedia a cassação, e 241 a favor, com 8 abstenções, 2 votos nulos e 6 em branco, num total de 432 deputados votantes –a Câmara possui 513 deputados. São necessários 257 votos favoráveis à cassação para que um deputado perca o mandato.

Com o resultado, o processo contra Mentor será arquivado, e o petista mantém seu mandato de deputado federal.

No início da votação, deputados da oposição mostraram o voto indicando que queriam a cassação de Mentor. Ao longo do dia, parlamentares discutiram a possibilidade de a votação ser feita sem voto secreto –prerrogativa apontada por muitos como facilitadora para o arquivamento dos processos de cassação–, mas a idéia foi rejeitada pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).

Mentor junta-se a outros oito parlamentares acusados de envolvimento no suposto "mensalão" e que escaparam da cassação. Antes dele, foram absolvidos João Magno, Professor Luizinho e João Paulo Cunha, do PT; Pedro Henry e Sandro Mabel, do PP; Roberto Brant, do PFL; Romeu Queiroz, do PTB, e Wanderval Santos, do PL.

Apenas os deputados Roberto Jefferson, do PTB; José Dirceu, do PT, e Pedro Corrêa, do PP, foram cassados.

Mentor foi acusado de receber, por intermédio de seu escritório de advocacia, R$ 120 mil da 2S Participações, empresa pertencente a Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do esquema de mensalão.

Deputados da oposição mostram o voto

Em sua defesa no plenário da Câmara, Mentor voltou a afirmar que o dinheiro foi para o pagamento de três pareceres jurídicos elaborados a pedido do advogado Rogério Tolentino, sócio de Valério na empresa 2S Participações. "Qual a dúvida da origem do dinheiro? Nenhuma", afirmou o petista.

Segundo Mentor, a prova de que a movimentação financeira foi feita de maneira legal é o fato de haver notas fiscais e comprovantes de pagamentos de impostos sobre a movimentação. "Não houve saques na boca do caixa. Foram pagamentos normais", afirmou durante a sua defesa.

O relator do processo, o deputado Nelson Trad (PMDB-MS), disse durante a defesa do relatório que o fato de o petista ter recebido dinheiro de Marcos Valério na época em que era relator da CPI do Banestado pode não configurar um crime, mas indica falta de ética parlamentar, o que justificaria o pedido de cassação.

"Todos sabiam que o dinheiro [vindo do Marcos Valério] era produto dessa promiscuidade, dessa quadrilha", disse Trad.

Mentor rebateu as criticas ao afirmar que as investigações da CPI do Banestado não tinham relação com o empresário. "A CPI nunca investigou o Marcos Valério. Nunca tratei nenhum assunto sobre o Banestado com o ele", afirmou.

O petista ainda lembrou o plenário que o primeiro parecer feito contra ele –de autoria do deputado Edmar Moreira (PFL-MG) e que foi rejeitado pelo Conselho de Ética– pedia o arquivamento do processo. "Não há prova de qualquer tipo que possa condenar a minha conduta", disse Mentor.

"Todo esse processo foi bom. Fiz novos amigos. Hoje sou reconhecido quando caminho na rua. Sou muito mais conhecido e as pessoas fazem votos de sucesso", disse o petista.

Fonte: Uol

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