Itália é tetra e Zidane dá adeus com expulsão e vexame

EFEO capitão Cannavaro levanta a taça Fifa e comemora o tetracampeonato mundial

O capitão Cannavaro levanta a taça Fifa e comemora o tetracampeonato mundial

Doze anos depois de perder o tri para o Brasil, a Itália foi tri em 1982. Doze anos depois de perder o tetra também para o Brasil nos pênaltis, a Itália sagrou-se tetra e ganhou a Copa do Mundo de 2006. Num jogo disputadíssimo e tenso, a "Squadra Azzurra" venceu a França por 5 a 3 nos pênaltis, neste domingo em Berlim, depois de 1 a 1 no tempo normal e nenhum gol na prorrogação.

Os italianos conseguiram provocar um fim de carreira melancólico do francês Zidane, expulso na prorrogação por agredir Materazzi com uma cabeçada no peito.

De herói francês, Zidane virou vilão em sua despedida do futebol aos 34 anos. Deixou o gramado debaixo de uma vaia estrondosa.

Nos pênaltis, Pirlo (eleito melhor jogador da partida pelos observadores da Fifa) acertou a primeira. Wiltord empatou. Materazzi fez na segunda, Trezeguet chutou no travessão. De Rossi marcou o terceiro da Itália, Abidal converteu o segundo para a França. Del Piero marcou o quarto, Sagnol fez o terceiro francês. A última cobrança italiana foi de Grosso, que fez o gol do título.

A Itália isolou-se como segunda maior vencedora da história com quatro conquistas (1934, 1938, 1982 e 2006), atrás apenas dos cinco títulos brasileiros.

Foi um jogo movimentadíssimo e aberto, com os dois times partindo para o ataque. Com isso, esta foi a primeira final desde 1986 (Argentina 3 x 2 Alemanha Ocidental) em que as duas equipes fizeram gol.

Também foi a primeira final a ir para a prorrogação desde 1994, que também teve a Itália (empatou em 0 a 0 com o Brasil em 120 minutos e perdeu nos pênaltis). No total, a Itália disputou seis finais e em três delas disputou tempo extra. E participou das duas únicas finais com decisão nas penalidades.

Foi também a primeira vitória da Itália numa decisão por pênaltis de Copa do Mundo. Tinha perdido para a Argentina na semifinal de 1990, para o Brasil na final de 1994 e para a mesma França nas quartas-de-final de 1998.

Como em seu triunfo anterior há 24 anos, a Itália sagra-se campeã mundial na seqüência de um escândalo em seu futebol. Em 1982, a seleção ainda se via influenciada pelo caso do "Totonero", que estourou em 1980. Jogadores e dirigentes estavam envolvidos em esquemas de resultados arranjados para partidas da loteria. O Milan foi rebaixado para a Série B. E o atacante Paolo Rossi foi acusado e cumpriu dois anos de suspensão, voltando a jogar pouco antes do Mundial, no qual foi herói, artilheiro e campeão, limpando seu nome.

Desta vez, nenhum jogador está diretamente envolvido no escândalo (embora o goleiro Buffon seja um dos suspeitos que serão investigados) em que os dirigentes de clubes grandes como Juventus, Milan, Lazio e Fiorentina são suspeitos de manipular as arbitragens. O caso surgiu semanas antes do Mundial e só será resolvido nos próximos dias, mas pode causar o rebaixamento dos clubes. Porém, nos últimos dias, com o avanço da Itália à final da Copa, já havia uma movimentação política defendendo a anistia para todos caso o título mundial fosse conquistado –como acabou sendo.

Com bola dourada especial, diferente das boldas dos 63 jogos anteriores, o início foi eletrizante. Com um minuto, Henry trombou com Cannavaro. O pescoço do francês se chocou com o ombro do italiano e Henry caiu desacordado, dando enorme susto. Atendido, o atacante recobrou os sentidos e retornou ao gramado dois minutos depois.

Aos 6min, quem se assustou foi só a torcida italiana. Malouda escapou, dominou a bola no peito e entrou na área. Materazzi chegou para o combate e recolheu a perna esquerda quando viu que iria atingir Malouda. Porém, o francês caiu e o árbitro Horacio Elizondo interpretou que o zagueiro da "Azzurra" tinha feito a falta. Pênalti que lembrou o início intenso da final da primeira Copa sediada pela Alemanha: em 1974, a Holanda abriu o placar contra a dona da casa com um gol de pênalti a 1min de jogo.

Zidane cobrou com um sangue frio espantoso para uma decisão de tamanha importância. Tocou na bola com efeito, para encobrir Buffon lentamente. O cálculo teve algum erro, porque a bola subiu o bastante para bater no travessão e cair perto da linha. Porém, dentro do gol sem qualquer margem de dúvida. Mas, sem replays e tira-teimas no momento, o árbitro confirmou o gol graças à indicação do auxiliar Rodolfo Otero.

A Itália ficou nervosa por alguns minutos logo após o gol. Mas recuperou seu equilíbrio ao empatar a partida aos 19min: Pirlo cobrou escanteio da direita e Materazzi pulou bem mais alto que Vieira para dar uma cabeçada forte e fazer o gol. Estabanado, o goleiro Barthez nem esboçou uma defesa.

Apesar da França descer com rapidez, a Itália teve as chances mais perigosas até o fim do 1º tempo. A equipe quase repetiu a mesma jogada do gol de empate aos 27min. Só não deu certo porque Materazzi empurrou Vieira antes de cabecear.

Aos 35min, os italianos penetraram na área com uma bela tabelinha de toques curtos de Perrotta e Totti. Luca Toni recebeu para chutar, mas Thuram bloqueou quando a bola ia para o gol. Na seqüência, o mesmo Toni cabeceou no travessão após cobrança do escanteio.

A França voltou para o 2º tempo mais decidida a resolver a partida. Mas a correria e o jogo aberto também permitiam avanços italianos. Henry perdeu chance aos 5min quando, após driblar Camoranesi e Grosso, preferiu cruzar para o meio da área em vez de chutar.

Aos 7min, os franceses reclamaram um pênalti de Zambrotta em Malouda, mas o juiz Elizondo não assinalou. Quase dez minutos depois, a Itália teve um gol anulado corretamente: após cobrança de falta, Toni fez o gol de cabeça, mas ele estava impedido quando a bola foi lançada. Pouco depois, Henry se encontrou livre na área para chutar forte, mas Buffon defendeu.

Aos 32min, Pirlo cobrou falta com um chute de curva que passou perto da trave. O goleiro Barthez chegou tarde.

Os franceses tiveram outro susto na partida: aos 35min, Zidane caiu em cima do braço e sentiu dor forte, mas voltou a campo após ser atendido. Teria sido terrível para a equipe, que já perdera Vieira por distensão aos 10min do 2º tempo.

Foi a França quem mais pressionou nos minutos finais do 2º tempo, tentando evitar uma prorrogação dramática. Sem resultado. Pela Itália, o técnico Marcello Lippi decidiu apostar numa formação com três atacantes com a entrada de Del Piero aos 41min, para ter mais poder ofensivo num eventual tempo extra.

Porém, a Itália começou a prorrogação retraída, na espera, enquanto a França buscava armar uma jogada fatal com muitos toques pacientes. Aos 9min do 1º tempo extra, Ribéry teve sua grande e última chance: carregou pela meia esquerda, tabelou com Malouda, entrou na área e chutou rasteiro, mas para fora. Em seguida, Ribéry foi substituído.

Aos 13min, Zidane cabeceou livre e Buffon fez defesa espetacular, voando para defender com apenas uma mão e colocar para escanteio.

No 2º tempo da prorrogação, os dois times estavam exaustos. Henry foi substituído quando mal conseguia caminhar.

Aos 2min, Zidane teve uma atitude que divergiu da elegância com que conduziu sua carreira: deu uma cabeçada no peito de Materazzi longe da ação do jogo. Denunciado pela defesa italiana, Zidane acabou expulso aos 5min. E encerrou sua carreira melancolicamente.

Fonte: Uol

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