Nessa terra de gigantes

Estudante de JornalismoJacob de Barros

Jacob de Barros

Que a direita sempre esteve, exceto nos últimos catorze anos, direta ou indiretamente, controlando a política alagoana, todo mundo sempre soube. Mas uma coisa nos dava uma certa esperança: sempre tivemos um esquerdista concorrendo com certa força contra essa direita conservadora.

Agora, o que se nos apresenta é um quadro um tanto desolador: temos, pela primeira vez na história política do nosso Estado, dois grupos de direita concorrendo ao governo estadual, os quais só têm de antagônico os interesses pessoais, pois estes gigantes representam uma mesma classe: a burguesia agrária.

Alagoas, assim como todo o País, ainda continua com baixíssimos índices de desenvolvimento humano, os trabalhadores ainda sofrem com o desemprego, o subemprego e os míseros salários, que não dão nem sequer para suprir suas necessidades básicas. E o é que mais preocupante: num Estado com tantos trabalhadores rurais necessitando de um pedaço de terra para trabalharem e sustentarem suas famílias, convivemos com gigantescos latifúndios, que roubam os espaços das “roças” e a esperança de milhares de homens, mulheres e crianças do campo.

A situação no campo é tensa e caminha para a barbárie. Mortes de trabalhadores rurais sem-terra acontecem todos os anos, debaixo dos olhos de uma Justiça precária e, muitas vezes, comprometida com as classes dominantes, que não querem ter seu sossego roubado por aqueles pobres diabos sedentos de um pedaço de terra para plantarem sua lavoura e a esperança de um dia poderem viver em paz com seus filhos.

Analfabetos, estes pobres “herdeiros do nada” não compreendem direito o que acontece atrás das cortinas que escondem as bestas ferozes que controlam o destino da nação. Estes homens, mulheres e crianças, quando resolvem ocupar terras particulares, muitas vezes se vêem como criminosos, por estarem se apropriando do que não lhes pertence. Se conhecessem a história da formação agrária do País e do nosso estado, quebrariam os grilhões da moral burguesa, que foi injetada em suas consciências, e se levantariam para reconquistar o que é seu.

Entretanto, o que vemos em Alagoas? Uma esquerda que chega ao poder no início dos anos 90 e aos poucos vai escorregando para o lado fácil e sedutor da direita conservadora. Essa esquerda se fragmenta, pois nem todos querem beber do suco salgado do suor do cortador de cana. Embora esse governo, agora de centro-esquerda com tendências para a direita, faça um trabalho razoável, resgatando a esperança de muita gente (sobretudo, do servidor público, que teve uma certa melhora vencimental), ele resolve entregar a um “coronel” o destino do povo que se embriagava nessa melhora preguiçosa mas que se direcionava para o lado do sol.

E afinal, o que se apresenta no nosso teatro político? Um suserano e um vassalo, como sempre tivemos? Não, claro que não! Temos dois senhores feudais: o do Bem e o do Mal, como estão sendo chamados. De um lado, temos, protegido pelo escudo dos seus milhões, o chefe do “Sacro Império Laranja”, o qual se diz um homem realizado, mas com o dever de levar o mínimo de felicidade para seus conterrâneos pobres e esquecidos pelos poderes públicos. E do outro, escondido atrás da carapaça de seu falecido pai e apoiado pela “Cooperativa dos Bons Homens de Terras”, encontramos, talvez mais timidamente que seu adversário, o senhor Sábio Senador Vitalício.

Diante de uma tragédia dessas, capaz de causar inveja a um Eurípedes ou a um Sófocles, nos perguntamos se vamos ter forças para acreditar num Estado mais justo, acolhedor e melhor compartilhado. Será que as pequenas luzes que nossos olhos cansados ainda enxergam sobreviverão a essas quatro noites escuras que se avizinham? Bem, tomemos um gole de cachaça, acendamos um cigarro e fiquemos atentos a esperar…

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