Tortura no Iraque pode ter piorado após Saddam sair, diz ONU

O investigador especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a tortura, Manfred Novak, disse nesta quinta-feira que a prática de tortura no Iraque pode hoje estar mais disseminada do que era sob o governo de Saddam Hussein.

Segundo Novak, milícias religiosas, grupos terroristas e algumas forças do governo iraquiano operam sem respeito nenhum aos direitos humanos.

Baseado em entrevistas realizadas na Jordânia, país com o qual o Iraque faz fronteira, Novak afirmou que há evidências suficientes para se dizer que há tortura nos centros de detenção do governo do Iraque.

“O que a maioria das pessoas relatam é que a situação da tortura no Iraque saiu completamente fora de controle”, disse Novak, que é um professor de direito austríaco.

“A sensação que as pessoas têm é que a situação é pior do que quando Saddam Hussein estava no poder”, disse.

Investigação

O funcionário da ONU se disse disposto a visitar o país para poder aprofundar as investigações, mas afirmou não ter como produzir um relatório preciso se a situação da segurança fora da "zona verde" de Bagdá não melhorar.

A "zona verde" é uma área de Bagdá que conta com um fortíssimo esquema de vigilância e segurança, que visa proteger autoridades estrangeiras no país que lá vivem e trabalham.

Na última quarta-feira, um relatório feito pela missão de assistência da ONU no Iraque dizia que vários corpos encontrados do necrotério da cidade tinham sinais de tortura, como queimaduras causadas por ácido e eletricidade, olhos e dentes arrancados e ferimentos causados por serras elétricas.

Feridas causadas por queimaduras de cigarro, pernas, mãos, braços e costelas fraturadas e esfolamentos também foram constatados com freqüência.

As vítimas em questão vêm tanto de prisões usadas por milícias paramilitares ou religiosas como de centros de detenção comandados pelas forças de ocupação lideradas pelos Estados Unidos.

Nowak disse aos jornalistas que são as milícias privadas que adotam os maiores requintes de crueldade e que em vários cadáveres, a pequena quantidade de sangue encontrada sugere um violento processo de tortura antes da execução.

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