Experiência criará assentamento modelo em Alagoas, com incremento de renda de cerca de R$ 6 mil por ano para cada produtor. Ação envolve parceiros como MDA, BNB, ITERAL e Prefeitura, garantindo a estruturação das culturas de mamão, caju, maracujá, graviola e hortaliças, desde a produção até a comercialização
Produtores da Associação dos Assentados de Santos Apóstolos, do município de Joaquim Gomes, receberam cinco mil sacos para mudas e sementes de maracujá, mamão e hortaliças, como doação da Prefeitura Municipal. A ação faz parte de um projeto em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Banco do Nordeste, Iteral e Nutriagro para a realização de um assentamento modelo para o Estado. “Com a mobilização de parceiros e construção de um projeto produtivo participativo, vamos diversificar a produção do assentamento e garantir a comercialização dos produtos, gerando incremento de renda de cerca de R$ 6 mil por ano, para cada produtor envolvido”, esclarece o gerente da Agência Farol do BNB, Enildo Lemos, que atende aquela região.
Inicialmente, nove famílias já fazem parte do projeto, e a expectativa é envolver todas as 20 famílias que constituem o assentamento. “O importante é que estamos conseguindo realizar a estruturação e revitalização do assentamento apenas com articulação, sem novo endividamento dos produtores. A Prefeitura doou as mudas e as sementes, a Iteral, a Nutriagro e a Secretaria Municipal de Agricultura darão a assistência técnica necessária, o MDA já está realizando capacitação em associativismo e o BNB, que iniciou essa mobilização, vai buscar parceiros para viabilizar a comercialização dos produtos e o treinamento específico nas culturas que serão implantadas”, ressalta a agente de desenvolvimento do BNB, Lílian Rodrigues.
Quanto à comercialização, ela enfatiza a possibilidade de inserir a produção na merenda escolar, na feira do município, ou até em um box da Ceasa Maceió.
A prefeita Cristina Brandão disse que a Prefeitura está disposta a ajudar no que for possível, lembrando tratar-se do primeiro assentamento do município, que precisa servir de modelo para que novos sejam implementados: “Estamos com a expectativa de formação de mais seis assentamentos aqui na região e estamos trabalhando para transformar o Santos Apóstolos em modelo para os demais. Acabamos de receber a notícia de que já temos disponível cerca de R$ 341 mil do Orçamento Geral da União, via Prodesa, programa do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Parte desses recursos será utilizada para o melhoramento das estradas vicinais, o que beneficiará o acesso ao assentamento e o escoamento da produção”.
Diversificação
Segundo o coordenador do Banco da Terra em Alagoas, do Iteral, Ivanildo Alves, um dos pontos principais do projeto é a diversificação da produção com assistência técnica dirigida. Ele conta que o assentamento, que tem 178,13 hectares, foi constituído em 2002, por meio do Programa Banco da Terra, e que, na época, os produtores receberam financiamento para aquisição da terra e realização da infra-estrutura necessária, via BNB, no valor de R$ 349,2 mil.
“Depois da aquisição da terra, o próximo passo era o financiamento pelo Pronaf para a implantação de atividades produtivas. Só que na época houve um problema em relação à liberação dos recursos, a cago do Tesouro Nacional. Isso só ficou resolvido no ano passado, quando a fonte passou a ser o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), e foi possível realizar o financiamento pelo BNB”, esclarece.
O assentamento passou então a sobreviver basicamente da produção de banana e mandioca. O presidente da associação dos assentados, Vando Rodrigues, lembra ainda que praticamente toda a produção de mandioca foi perdida, por conta de pragas e da seca no período produtivo. “Perdemos quase tudo o que foi plantado. Agora, com esse novo projeto, vamos plantar mamão, caju, graviola, maracujá, alface, repolho, pimentão e cebolinha, além da banana e da mandioca que já cultivamos”, disse.
Produção de doces
Dona Maria José Alves da Silva, uma das assentadas, se empolga com o projeto e pretende estruturar a fabricação de doces para comercialização. Atualmente, ela consegue cerca de R$ 80,00 por quinzena, vendendo a produção de banana de seu lote. Com o novo projeto, plantará mamão, caju e hortaliças e aumentará em torno de R$ 500,00 sua renda mensal.
Com relação aos doces, a agente de desenvolvimento do BNB, Lílian Rodrigues, acha possível a construção de uma agroindústria, com recursos de programas do MDA. “Em curto prazo, vamos promover uma capacitação para as doceiras”, informa.
Inseticidas orgânicos
Outra peculiaridade do projeto é o uso de inseticidas e fungicidas orgânicos. Cláudio Vasconcelos, técnico agrícola da Nutriagro, empresa que presta assistência técnica para o assentamento, explica que o controle de pragas será feito com a utilização de alternativos como água de fumo, sabão, urina de vaca, macerado de urtiga e macerado de samambaia.