Marco Aurélio defende renúncia de Cunha do comando da Câmara

Ministro do STF afirma que saída de deputado do cargo amenizaria crise. Presidente da Câmara poderá ser cassado por ter mentido à CPI da Petrobras.

Marcelo Camargo/Agência Brasil Eduardo Cunha: todo o processo, da representação à possível cassação de mandato, leva 90 dias úteis

Eduardo Cunha: todo o processo, da representação à possível cassação de mandato, leva 90 dias úteis

O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, defendeu nesta quinta-feira (19) a renúncia do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara. Para ele, a saída do peemedebista do comando da Casa deverá amenizar a crise política no país.

“Nós precisaríamos de uma grandeza maior para no contexto haver o afastamento espontâneo. Quem sabe até a renúncia ao próprio mandato”, afirmou o ministro antes da sessão desta quinta no STF.

Marco Aurélio acrescentou que a saída espontânea melhoraria a situação da Câmara. “Melhoraria sem dúvida alguma porque teríamos a eleição de um novo presidente para a Câmara. Ele [Cunha] continuaria no desempenho do mandato, porque, de qualquer forma, ele está na cadeira por algum tempo, tendo em conta apenas o mandato”, disse.

Eduardo Cunha é investigado em três inquéritos no STF relacionados à Operação Lava Jato. Num deles, já foi denunciado por suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro, a partir de desvios na Petrobras. Na Câmara, poderá enfrentar um processo de cassação por omitir dos colegas a existência de contas no exterior das quais é beneficiário.

Marco Aurélio foi questionado pelos jornalistas inicialmente sobre manobra articulada por Cunha com aliados nesta quinta que levou à anulação de uma reunião do Conselho de Ética que votaria pela continuidade ou não do processo que o investiga por suposta quebra de decoro parlamentar. Após deputados se retirarem do plenário em protesto, Cunha suspendeu a decisão.

Marco Aurélio considerou “lamentável” a atitude do presidente da Câmara, de quem se aguarda, para o ministro, “postura exemplar”.

“Não consigo admitir uma manobra para não se ter o funcionamento de um órgão da casa legislativa. Temos que guardar princípios, em época de crise, é importantíssimo guardar princípios e valores para que as instituições realmente cumpram seus deveres”, comentou Marco Aurélio.

Ele defendeu a superação da crise, descrita como um “descompasso entre Executivo e Legislativo”, que segundo ele, “aprofunda a crise que mais repercute na mesa do trabalhador que é a crise econômica e financeira”.

Questionado sobre se já haveria elementos para o afastamento forçado de Cunha, Marco Aurélio disse que “é muito cedo para pensarmos em qualquer providência até porque não atuamos no Judiciário de oficio”. “Precisamos ser provocados”, finalizou.

Fonte: G1

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