O prefeito Eduardo Paes afirmou nesta sexta-feira (15), em entrevista ao RJTV, que a população do Rio de Janeiro deve estar preparada para “contingências” na área de segurança durante o período dos Jogos Olímpicos. Paes falou sobre os ajustes no planejamento anunciados pelo governo federal após o mais recente ataque terrorista em Nice, na França, com mais de 80 mortos.
“O Brasil não é alvo preferencial do terrorismo, mas organizar um grande evento com países que são alvo sempre tem um risco. Provavelmente as forças de segurança vão demandar da gente mais bloqueios, mais transtornos. A Olimpíada é um superevento, mas temos alertado a população de que contingências vão acontecer (…) É importante que as pessoas estejam atentas”, disse.
“Se quiser ir para um lugar seguro do mundo, em agosto, venha para o Rio de Janeiro”, acrescentou o prefeito.
Paes disse que, de 2009 para cá, os índices de segurança melhoraram muito devido à ação efetiva do governo e que, após críticas públicas ao papel do estado, chegou a conversar com o governador em exercício, Francisco Dornelles, e com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
“Até brinquei outro dia falando com o próprio governador e com o secretário Beltrame: ‘Olha, na verdade, a minha reclamação é porque eu estava acostumando com a redução do nível de segurança'”, explicou.
O prefeito disse não considerar a violência como um “problema olímpico”, devido à presença de reforço da Força Nacional e das Forças Armadas. “O que me preocupa, que deve ser nosso foco de atenção, é a segurança antes e depois dos Jogos.”
Paes disse acreditar que é possível regredir os níveis de violência ainda mais e que as autoridades e a população não podem se acostumar com o crime.
“A gente não pode achar que é assim mesmo. O Rio já mostrou que, em determinado momento, com uma política de segurança bem definida e objetiva, é possível melhorar as condições de segurança da população, principalmente da população mais carente. O importante é a gente não achar que é normal. Não é normal.”
O prefeito comentou também o bate-boca que teve, pelo Twitter, com internautas. Em uma das postagens, ele recomendou que a pessoa se mudasse da cidade.
“Eu não tenho problema nenhum que falem mal de mim. Agora, vamos parar de falar mal do Rio. De fato, não é a melhor maneira de responder a alguém, mas chegar a dizer que tem ‘nojo’ do Rio de Janeiro… Essa cidade é uma cidade muito especial. A gente conhece os problemas dela (…) Esse complexo de vira-lata é muito ruim”, rebateu.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, informou nesta sexta, em entrevista no Palácio do Planalto, que o governo vai “revisar” as medidas de segurança para a Olimpíada. Entre as medidas, explicou, estão mais “postos de controle, mais barreiras e restrições no trânsito”.
Na quinta, um motorista de caminhão atropelou diversas pessoas que estavam assistindo à queima de fogos em comemoração ao 14 de Julho, Dia da Queda da Bastilha, em Nice, no sul da França, matando ao menos 80 pessoas.
O presidente François Hollande anunciou que irá estender por mais três meses o estado de emergência, além de reforçar suas operações na Síria e no Iraque.
“Desde aquele momento [mortes em Nice], o Ministério da Justiça, o Ministério da Defesa e o GSI estão trabalhando para garantir que continuemos no mesmo nível de segurança nos Jogos Olímpicos, e isso vai exigir revisões, novas providências e exige muito trabalho intenso daqui para frente para que possamos manter o nível de segurança”, disse Etchegoyen.
“Essa revisão, obviamente, identificará algumas lacunas e posso lhes dizer, com bom grau de probabilidade, que o quadro atual nos sugere incremento de algumas medidas relativas aos Jogos. São medidas práticas, como mais postos de controle, mais barreiras e algumas restrições de trânsito. […] É importante que a população entenda que vamos trocar um pouquinho de conforto por muita segurança”, acrescentou.
Segundo o ministro, o planejamento de segurança feito até aqui será “auditado” para encontrar se houve “eventual lacuna” nas ações de preparação.
De acordo com o ministro do GSI, o presidente da República em exercício, Michel Temer, que está em São Paulo, antecipou sua volta para Brasília para a tarde desta sexta (que ocorreria somente no início da noite) para comandar, no Palácio do Planalto, uma reunião com o núcleo de ministérios responsável pela segurança das Olimpíadas: Justiça, Defesa e Segurança Institucional.
Ainda segundo Etchegoyen, as preocupações do governo em relação à segurança dos Jogos “subiram de patamar” desde o episódio na França, e por isso serão necessários o “ajuste e a revisão” de “todo o dispositivo de segurança” planejado para o evento esportivo. De acordo com o ministro, será preciso “maior integração” entre as pastas do governo responsáveis pela segurança.
“Mas sem querer transmitir um falso otimismo, o que seria de enorme irresponsabilidade, estamos pronto para os Jogos, não há dúvida. Apenas vamos revisar o planejamento, os procedimentos”, observou.