Ouro e prata que transformaram o vôlei de praia brasileiro completam 20 anos

Arquivo CBVDuplas recebem as medalhas de ouro e prata no pódio de Atlanta

Duplas recebem as medalhas de ouro e prata no pódio de Atlanta

O ouro de Sandra Pires/Jackie Silva e a prata de Adriana Samuel/Mônica Rodrigues em Atlanta-1996, que nesta quarta-feira (27) completam 20 anos, significaram mais que as primeiras medalhas de mulheres brasileiras nos Jogos Olímpicos. Após duas décadas é possível dizer que representaram um passo em busca da igualdade de gêneros no esporte, do fortalecimento e profissionalização do vôlei de praia, do orgulho e autoafirmação das mulheres brasileiras.

A primeira medalha, que se tornariam ‘as primeiras’, com a dobradinha verde e amarela, veio com a vitória por 2 sets a 0 (12/11, 12/6) na primeira edição em que o vôlei de praia esteve presente no programa olímpico. Mas entre o ouro colocado no peito e a noção do tamanho do feito realizado, Sandra Pires, a época com apenas 23 anos, revela que a ficha demorou a cair.

“Não tínhamos internet, celular também ainda era muito raro. Então a ficha só começou a cair no avião, na volta ao Brasil. E quando desembarcamos. As mulheres corriam junto do carro do Corpo de Bombeiros, abriam as portas dos carros, pulavam. Eu nunca tinha visto uma festa daquelas. Todos os brasileiros celebraram, mas era algo especial para as mulheres, era nossa vez, nosso momento de proporcionar orgulho”, diz Sandra Pires.

Após Atlanta, o torneio olímpico passou a contar com o mesmo número de participantes, tanto no masculino quanto no feminino. Em muitos circuitos, como no brasileiro e internacional, as premiações aos atletas foram igualadas nos gêneros.

A campanha de Jackie/Sandra Pires em Atlanta contou com cinco vitórias em cinco jogos, inclusive um confronto prévio contra as medalhistas de prata, ainda na quarta rodada. As futuras campeãs venceram por 15 a 4. Na época, apenas os jogos por medalha eram disputados em dois sets. Jackie Silva, que já havia participado duas vezes dos Jogos Olímpicos no indoor, finalmente coroou a carreira com a consagração máxima de um atleta.

“Foi uma medalha muito importante por vários aspectos. Era a primeira vez que tínhamos o vôlei de praia como modalidade olímpica, a primeira medalha feminina do Brasil e foi um título que eu queria muito. Na época não tínhamos essa dimensão, apenas o foco de sermos campeãs. O Brasil e os Estados Unidos são os dois principais polos da modalidade desde aquela época, e foi muito bom sair na frente. Depois das nossas medalhas o esporte ganhou mais popularidade no Brasil e ainda tem espaço para crescer. É um dos esportes mais procurados nos Jogos Olímpicos e isso é muito bom para o desenvolvimento”, disse Jackie Silva.

A prata em poucos esportes pode ter um gosto de ouro como no vôlei de praia. Ainda que tenham sido derrotadas na final, Adriana Samuel e Mônica Rodrigues saíram com sentimento de dever cumprido e ouvindo o hino nacional brasileiro no pódio.

“Sempre sonhei em jogar uma Olimpíada. Quando ainda jogava vôlei de quadra, acabei cortada pouco antes dos Jogos de Seul, então era como um sonho que eu havia perdido. Mas a vida surpreendeu, fui para o vôlei de praia e ele se tornou olímpico. Só de estar presente, já foi uma emoção incrível. E foi uma prata com gosto de ouro. Em pouquíssimos esportes é possível ouvir o hino mesmo ficando com a prata. Demos nosso máximo, fizemos nosso melhor. Foi uma prata com gosto de ouro”, destacou Adriana Samuel.

Após Atlanta-1996, o vôlei de praia esteve presente em todas as edições dos Jogos, sempre figurando entre os esportes mais procurados pela torcida. Para Mônica Rodrigues, a competição abriu portas para futuros atletas, treinadores e profissionais do esporte.

“Na parte individual é um sonho de qualquer atleta de alto nível. Conseguimos representar nosso país, fazendo ainda por cima uma final brasileira. Isso vai ser lembrado para sempre. E um marco para o Brasil, primeiras mulheres a ganharem medalha no nosso país. Aquilo foi responsável por um crescimento do nosso esporte, algo profissional, fruto de trabalho e dedicação de muitas pessoas”, completou Mônica Rodrigues.

O Brasil é o país com mais medalhas no vôlei de praia nos Jogos Olímpicos. Desde Atlanta, ao menos uma medalha é conquistada por edição por nossos representantes. São 11 no total, sendo duas de ouro, seis de prata e três de bronze. Seis delas das mulheres brasileiras.

Fonte: CBV

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